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LOCAL SUPPORT

Refletindo sobre as dificuldades que se tem em manter um aumento constante e progressivo do efetivo brasileiro de escoteiros, estagnar a evasão pois a captação parece ser boa, manter uma visibilidade adequada na sociedade e envolver cada vez mais membros nas atividades disponíveis tais como Mutirões Nacionais, Jamborees de todos os níveis inclusive na internet, ELOs, Troféu Grupo Padrão, Prêmio Aurélio Azevedo Marques e tantos outros, algumas ideias e opiniões surgem.

O atual modelo de formação de adultos simplificou as coisas, permitindo que as Regiões Escoteiras removessem de sua estrutura o Estudo, como parte para obtenção da Insignia da Madeira. Era a única oportunidade de um chefe ou dirigente obrigatoriamente refletir sobre sua prática como educador e essa facilidade até agora não serviu para melhorar a situação. Obviamente, a questão é mais complexa e não basta apenas diminuir a dedicação ao estudo para mudar para melhor. Estudar menos e progredir mais seria algo inusitado.

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Talvez uma nova forma de atuação da Equipe Regional de Formação, atuando como assessora e consultora aos grupos escoteiros fosse mais efetiva. O formato atual acadêmico, tradicional, é mantido, mas uma nova função poderia ser incorporada, algo nos moldes de “Local Support” (inspirado no modelo de “Global Support”, que a Organização Mundial do Movimento Escoteiro mantém e foi coordenada pelo Chefe Oscar Palmquist), onde os grupos escoteiros pudessem propor alguma necessidade ou dificuldade específica, através de um projeto simplificado, e um membro ou uma equipe de membros atuaria no grupo como experts nessa questão em particular, ajudando os chefes ou dirigentes a implantar essa habilidade, desenvolver essa tecnologia ou transpor esse obstáculo.

Propõem-se então, uma equipe dinâmica, flexivel e atuante na base. Para isso, o foco da formação pessoal do indivíduo que é o paradigma atual, passa a ser apenas uma das formas de atuação e se inclui o aperfeiçoamento e fortalecimento dos grupos, pois mais de um escotista poderia ser beneficiado. Se é muito trabalho para as Equipes de Formação ou fora de seu escopo formal a ponto de não poder ser absorvido, talvez um novo grupo de voluntários, dispostos a atuar praticamente em benefício de outros grupos pudesse ser criado. Daí a sugestão de “Local Support” como plágio, que se traduziria livremente como “Apoio Local”.

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Exemplos de atuação não faltam. Tente participar do Joti pela primeira vez e veja a surra que vai levar. Tente participar com um ou mais chefes que já participaram algumas vezes e agora vão alfabetizar teu grupo em uma edição do evento. O mesmo para Mutcoms, Mutecos, especialidades, implantação das etapas de progressão para os jovens, funcionamento de Corte de Honra, implantação de radioescotismo no grupo e tantos outros temas em que uns tem dificuldade e outros já tem a habilidade. Caberia a estrutura regional organizar as demandas dos grupos e as equipes de trabalho. Grupos com demandas semelhantes em uma mesma área geográfica poderiam ser atendidos simultaneamente.

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A busca do conhecimento magistral na academia (cursos teórico-práticos em campos-escolas) contemplaria a formação pessoal, mas uma equipe operacional cuidaria da formação e assessoramento dos grupos, lá onde estão as necessidade, conforme solicitado. Evitando a máxima sempre ouvida de “que estamos isolados”, “não temos apoio”.

Na mesma linha, há muitas pessoas no movimento com experiência em captação de recursos em seus grupos, quer seja para aquisição de material, de patrimônio e sede, de composição de contingentes para grandes eventos, enfim, muitas vivências que podem ser identificadas e compartilhadas na prática, com um trabalho temporário conjunto para a transferência de expertise.

Certamente isso já ocorre de forma informal e irregular, quando se pede ajuda a algum chefe ou a algum Grupo Escoteiro para ações específicas que se necessita de apoio ou conhecimento. Mas ao contar com um time regular que pudesse ajudar o grupo escoteiro em demandas específicas e pontuais, se acredita que poderia ser muito diferente a realidade. A Equipe Regional de Crescimento e Expansão de São Paulo, por exemplo, atua de forma proativa, visitando os grupos, ouvindo suas necessidades e observando as boas práticas que podem ser repetidas.

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Sem dúvida que daria trabalho, mas quantas ações são realizadas sem que o resultado realmente se reflita no crescimento e aperfeiçoamento dos grupos escoteiros. Copiando aqueles que estudam a neurolinguistica e as técnicas motivacionais, “o único lugar que sucesso vem antes de trabalho é no dicionário”; ou “se fizermos as coisas sempre do mesmo jeito, teremos sempre o mesmo resultado, esperar um resultado diferente com a mesma prática repetida é insanidade”; ou, ainda, “se deve pensar fora da caixinha e inovar”.

Outro ponto que favorece o isolamento e faz crescerem as dificuldades, é o acesso a informação. A associação-mãe, “The Scout Association”, possui uma diretriz em suas bases que é garantir que todos os adultos envolvidos tenham a informação certa, em tempo adequado e da maneira mais efetiva (1). Portanto, comunicar cada um da maneira adequada é fundamental, pois esperar que tantos busquem a informação na maneira que decidimos divulgá-la nem sempre funcionará e muitos desconhecerão as comunicações. É prática entre eles que o Comissário Distrital tenha essa função de garantir a capilaridade da informação, certificando-se que esteja chegando aos grupos escoteiros.

O Nível Nacional está muito bem aparelhado em todos os sentidos, muitas Regiões também tem estrutura adequada, mas de que forma os níveis superiores podem aparelhar os grupos escoteiros, estando presente e ajudando? Exatamente naqueles pontos que pedirem ajuda, ampliando o famoso “ask to the boys” para o “ask to the groups”, assessorando na solução de questões pontuais.

Enfim, fica a exposição do tema para reflexão, críticas e aperfeiçoamento.

Referência:

1 – Role description for a District Commisioner, The Scout Association, 4 ed, 5p., 2011