Arquivos de sites

A construção da sede

A construção da sede

            Um dos objetivos deste blog é manter preservada e acessível a todos a memória do Grupo Escoteiro Chama Farroupilha, que já conta 26 anos. De outra forma, a questão de uma sede própria para o grupo escoteiro é uma questão recorrente e que pode gerar muitos problemas, todavia a sua existência só traz benefícios, assim, compartilhamos a nossa experiência.

            Algumas histórias não podem ser confirmadas, perdem-se no tempo ou vão passando de boca em boca e isto pode fazer com que elas sofram alterações. A história sobre a aquisição dos terrenos envolve dois momentos diferentes. O primeiro foi o dinheiro conseguido com o lucro da venda de biscoitos escoteiros, que eram fornecidos pela Região Escoteira na década de 1980, dentro de um projeto financeiro de estruturação dos grupos do estado. Eram buscados em Porto Alegre pelo Akelá e um dos fundadores do grupo, Achiles Goldani Netto e vendidos pelos próprios escoteiros em Triunfo.

Como não foi suficiente para a compra de dois terrenos no centro da cidade, houve um segundo momento. Assim, o que sabemos é que o Silvio Machado Felten, o Sivica, infelizmente já falecido, era o Diretor-Presidente da Comissão Executiva no Grupo, nos idos de mil novecentos e oitenta e oito, quando a cidade de Triunfo iniciava seu mais recente ciclo de riqueza, desta vez gerado pelo III Pólo Petroquímico.

            Era um período de muitas obras por todo o município com construção de praças, da Câmara de Vereadores, do ginásio de esportes, abertura de estradas, etc. Por alguma razão qualquer o prefeito viajou (na época era o Sr. Osmar Vargas da Silva) e não havia vice-prefeito porque um trágico acidente de trânsito vitimou o Sr. Henrique Agildo da Silva, que era o prefeito eleito, antes de sua posse. Então, quem assumiu o município durante um afastamento temporário do seu Osmar foi o presidente da Câmara de Vereadores, Auro Lima de Souza.

            Durante este curto período de tempo de apenas uma semana e com tratativas ainda mais breves, o Chefe Goldani realizou a intermediação necessária para a obtenção, através da ajuda do prefeito interino, da doação do valor faltante para a aquisição dos dois terrenos pela Construtora RTS. Foram devidamente escriturados em nome do Grupo de Escoteiros, e assim permanecem até hoje.

            Naquela época, os terrenos foram adquiridos em um loteamento que recém estava sendo aberto, nem calçamento havia nas ruas, embora a apenas cinco quadras da rua principal da cidade. Passaram-se poucos anos e hoje a sede localiza-se em uma das áreas mais valorizadas da cidade, a poucas quadras do centro e em uma de suas partes mais altas, com vista para o rio Jacuí. A escritura número 8520 é de 19 de julho de 1988.

            Bom, as reuniões passaram a ser realizadas, então, na nossa propriedade. A rua fazia pouco havia sido aberta, sem calçamento e os terrenos eram apenas um capão de mato nativo, sem vizinhos.

            Pouco tempo após os terrenos serem comprados, os pais fizeram um mutirão e elevaram o esqueleto de um galpão, o qual até hoje serve de estrutura para a sede, e colocaram o telhado. Não havia paredes. Era neste ambiente que a partir de 1989 fazíamos a maioria das nossas reuniões, em um telheiro dentro de um capão de mato, porque embora estivéssemos no centro de Triunfo, não tínhamos vizinhos por ser um loteamento novo que há pouco tempo era uma chácara.

Aspecto do início da construção do galpão, observe que a rua Vereador Adão Tavares da Silva não estava calçada. Ao fundo, à direita, está a Paineira próximo a sede e que pode ser vista da cidade de São Jerônimo.

            Cada reunião gerava uma quantidade infindável de trabalho, pois tudo tinha que ser muito bem planejado e carregado de casa para que o programa funcionasse adequadamente. Se uma simples caixa de fósforos fosse esquecida, isto poderia arruinar todo o programa. E nada pode ser mais triste ou perigoso do que uma tropa motivada sem ter o que fazer. As inscrições eram preenchidas em uma prancheta e conversávamos com os pais em pé pois não havia cadeiras ou bancos.

            Os monitores continuavam guardando as caixas de patrulha e todo o material de acampamento de suas patrulhas em suas próprias casas. Desnecessário dizer quanto material foi perdido neste período e a trabalheira que era sair para um acampamento pois o material tinha que ser recolhido de casa em casa ou levado até o Posto de Gasolina do Sivica, tradicional ponto de encontro do Grupo Escoteiro durante os anos que não havia sede, na esquina da Rua Luiz Barreto com a Professor Coelho de Souza.

            Após algumas articulações, conseguimos levantar meias paredes de tijolos em toda a volta do prédio, o restante das paredes seria de costaneiras, conseguidas com a CEEE, na Granja Carola, pelo Diretor-Presidente Sérgio Odorizi. Nunca conseguimos finalizar este projeto e com o passar do tempo, as madeiras foram desaparecendo até que um dia a pilha não existia mais.

            Havia uma combinação obrigatória e óbvia com os jovens: Se chover, não tem reunião. O hasteamento da bandeira era realizado em um galho de árvore porque não tínhamos mastro.

            O tempo passou, após alguns meses foi eleito para prefeito de Triunfo o Sr. Francisco Lineu Schardong. De início, mostrou uma verdadeira disposição em ajudar o grupo escoteiro, mas havia a necessidade de um caminho legal para que isto fosse feito. Na época, o Procurador do município era o Dr. Jaime Adair Garcia com quem tivemos incontáveis e proveitosos encontros na Prefeitura Municipal.

            Enfim, surgiu uma luz. Quando da elaboração da Lei Orgânica do Município, o Chefe Saulo Ernani Radin conseguiu a inclusão de um artigo prevendo o auxílio do município ao grupo escoteiro. O artigo 227 diz que os órgãos de educação e cultura do município poderão auxiliar o movimento. Desta forma, havia o amparo mas não havia de onde sair a verba.

            Novas rodadas de tratativas, a Sra. Sílvia Helena Roth Volkweis era Assessora de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e a Secretária de Educação era a profa. Nara Pereira da Rosa que abraçou a causa e forneceu, através de sua secretaria e com esta intermediação, a verba necessária para a construção do prédio.

            Finalmente, todos os retalhos da colcha foram costurados. Um cronograma físico-financeiro foi elaborado e o Goldani novamente tem um papel de destaque, acompanhando toda a execução da obra. Inclusive, muitas coisas da sede como a escada para o canto sênior, o mastro e o calçadão em torno da sede foram concebidos pelo Goldani. Quem venceu a concorrência e executou a obra foi o Sr. Zeno Souza Peixoto.

            As obras estavam prontas para serem iniciadas e o Presidente, Sérgio Odorizi ainda negociava com a Corsan e CEEE. Então, nossos vizinhos, o Sr. Paulo Leandro Flores, ex-chefe deste grupo, cedeu a água passando uma mangueira para o terreno e o Sr. Júlio C. Oliveira cedeu a energia elétrica passando um fio de extensão, ambos pelo meio da rua porque são vizinhos de frente da sede do grupo. Graças a generosidade destas duas pessoas que não houve atraso na execução da obra.

            A tão esperada inauguração aconteceu no dia 24 de junho de 1995, contou com a presença do Prefeito Municipal, da Secretária de Educação e da Assessora de Turismo e Cultura, já nominados. O Diretor Regional de Escotismo, Sr. Nelson Zepka Senna e o chefe Ernani Claire Valente Rodrigues estiveram presentes, assim como o Grupo Escoteiro Baependi completo sob a liderança do chefe Ronei Castilhos da Silva, o Grupo Jacuí, nosso padrinho, e o Grupo Inhanduí.

            A trilha sonora foi executada ao vivo, a cargo de Gildo Campos e do maestro Célio Franco, houve chuva e a cerimônia foi realizada dentro da sede, seguida de um coquetel. Dispensável dizer a alegria que este dia representou, uma sede própria, grande, nova e que sonhávamos há 10 anos!

            O primeiro acantonamento na sede ocorreu em 1º. e 2 de julho de 1995, já no final de semana seguinte a inauguração, tamanha era nossa ansiedade e chamou-se PAS (Primeiro Acantonamento na Sede), com quatorze escoteiros presentes. Todavia, a primeira cerimônia no interior da sede ocorreu alguns dias antes da conclusão da obra e foi uma Investidura Sênior, coordenada pelo chefe Saulo em 15 de junho de 1995, estando presentes sete seniores da Patrulha Botocudos Pancas, tendo como monitor Geleovir Freitas e submonitor Elzo Giacomelli Júnior, com a presença do chefe Maurício Volkweis que tirou fotos registrando este momento histórico.

 

Ao fundo Chefe Saulo realizando a primeira cerimônia na nova sede, em 15 de junho de 1995.

            A área na frente e a outra nos fundos do prédio, bem como o cercamento com telas dos terrenos foram realizados somente em 2009, na administração dos Diretores Carlos Henrique Dias, Zorika Tavares Schubert e Fábio Hausen Pereira.

            Assim construímos nosso patrimônio que requer manutenção e melhorias constantes mas que proporciona um prazer imenso aos jovens que reconhecem a “sede” como sua outra casa, proporcionando uma convivência muito prazerosa.

Totens, uma antiga tradição esquecida

Totens

           Esta é uma tradição muito antiga no escotismo, parte da mística escoteira que vemos citada quando chefes mais idosos são mencionados e que atualmente está em desuso. Por isso que Benjamin Sodré era chamado Velho Lobo, Glaucus Saraiva era conhecido por Uirapuru, Jarbas Pinto Ribeiro era Quati e tantos outros.  Além da tradição passada de ouvido a ouvido, existe uma base documental, o livro Sempre a Direito, publicado em Portugal pela Editora Educação Nacional, escrito por Léopold Derbaix, com citações do próprio Baden-Powell. No capítulo “Os Tótemes”, páginas 298 e 299, o autor faz a seguinte explanação que está transcrita na forma original, sem mudanças no idioma ou estilo:

“Cada escoteiro terá, igualmente, o seu nome de guerra: o seu tóteme. Eis aqui uma inovação que muita gente critica e que, pelo contrário, revela a admirável sagacidade pedagógica de Baden-Powell. A mania das alcunhas e dos sobrenomes constitui um fato inegável, quer na caserna, quer nos colégios. Em vez de um nome puramente convencional, quase todos preferem designar os indivíduos por uma expressão incisiva ou maliciosa, nem sempre inocente, através da qual ressaltem os seus pontos fracos ou seus defeitos. Baden-Powell aproveita esta mania, que sabe perfeitamente ser impossível de combater; não só a torna inofensiva, mas tira dela todo o partido possível, utilizando-a com uma finalidade educativa. Ele gosta que se dê um nome de guerra a cada escuta, o nome de qualquer animal que possua um sinal característico da personalidade do interessado e que lhe recorde uma qualidade que lhe falta ou um defeito que ele deve combater.”

Capa do Livro Sempre a Direito

 

          Nos grupos escoteiros brasileiros que adotavam esta mística, a prática costumava ser que cada membro ao entrar para o grupo, mesmo que lobinho, escolheria um animal para ser chamado e servir de alcunha. Ao mesmo tempo, também poderia escrever uma pesquisa sobre o referido animal, descrevendo seus hábitos e características. Não era recomendado que fossem nomes de patrulhas do grupo nem totens que estivessem sendo usados por outros jovens naquele momento, para evitar confusões. Os que voltavam a ser usados em outros tempos recebiam números em romanos, tipo Jacaré II, Panda III.

          A prática desta tradição revela situações inusitadas promovidas pelos jovens que valem alguns relatos. Muitos destes totens acabam virando apelido de rua dos jovens, especialmente em lugares onde estes têm convivência também fora do grupo escoteiro. O inverso também ocorre com o apelido da rua virando o totem, quando já era um nome de animal. Outras vezes, o totem se estende para o seu irmão mais moço, que fica conhecido pelo diminutivo, algo tipo o coruja e o corujinha. Por vezes o escoteiro escolhe um totem e os outros acabam adequando o novo apelido, como o menino que escolheu pastor alemão, mas dada a sua personalidade, o totem foi adaptado para cachorro louco.

          Enfim, esta prática antiga é muito interessante e pode se tornar uma boa ferramenta para evitar o bullying, uma vez que o próprio escoteiro escolhe o apelido, evitando situações jocosas ou pejorativas. Particularmente, a empregamos em nosso grupo escoteiro com sucesso até os dias de hoje, onde todos, inclusive os chefes, tem seu totem.

Grupos escoteiros irmãos

O Grupo Escoteiro Jacuí, de Charqueadas, é o grupo padrinho do Chama Farroupilha, as atividades escoteiras iniciaram em Triunfo em 1985, coordenadas pela chefia daquele grupo, conforme já citado. Durante algum tempo, as atividades de campo foram conjuntas, vide relatos posteriores do Acampamento Farroupilha, e após a fundação, o então Comissário Distrital, Jorge Luiz Wolff, pertencia ao Jacuí. Na sequência, foram realizados periodicamente os chamados Cursos de Monitores com jovens de ambos os grupos e o último deles foi há mais de dez anos e contou com a presença também dos Carajás, sendo promovido no Iate Clube, em Charqueadas.

No ano de 2008, o Jacuí nos presenteou com a Família Krause. Uma família escoteira inteira, formada por pai, mãe, uma filha e um filho. José Carlos Krause Lopes assumiu a chefia da Tropa Sênior logo após a mudança do Chefe Lucas Meister para Caibaté. Berenice Teixeira Lopes passou a ser a Kaa da alcatéia, Alexandre Teixeira Lopes e Letícia Teixeira Lopes, membros juvenis. Todos são pessoas muito motivadas e dedicadas, que colaboram de forma incansável com o escotismo e contribuem muito para o progresso do Chama Farroupilha. Uma família digna de admiração. A chegada deles foi exatamente quando o grupo escoteiro ficaria fragilizado, pois a filha mais velha do chefe Maurício havia recém-nascido, exigindo seu afastamento temporário e menos dedicação ao grupo e o Chefe Lucas estava de mudança. Mas nada ocorre por acaso e com eles o grupo manteve o pique, ânimo e motivação, melhorando muito na organização.

Com o envolvimento em cursos e em eventos escoteiros maiores, surgiu uma forte relação com outros grupos escoteiros, particularmente com o G.E. Jean de Lery, de Estância Velha e o Inhanduí, de Canoas. A relação começou quando foram colegas de cursos o Maurício Volkweis, o Fabiano André Trein e o Guilherme Raymundo, chefes de tropa de escoteiros, respectivamente, do Chama Farroupilha, Jean de Lery e do Inhanduí. Fizemos juntos o Curso Técnico do Ramo Escoteiro (o extinto CTR), o Curso Básico e a parte de campo do Curso Avançado. A amizade formada por estes três chefes estendeu-se aos grupos.

 Com estes dois grupos, participamos do Jamboree Panamericano da Bolívia, do Acampamento dos 10 anos do Chama Farroupilha e de dois Acampamentos de Aniversário do Jean de Lery. Por outras duas vezes o Inhanduí e o Chama Farroupilha realizaram acampamentos de tropa em Triunfo e em São Jerônimo. Com o Jean de Lery também participamos dos Jamborees Panamericanos da Guatemala e de Foz do Iguaçu, e dos Mundiais do Chile e da Suécia. No Jamboree Mundial da Inglaterra, no centenário do escotismo, onde o Chama Farroupilha foi a maior delegação do Rio Grande do Sul, contamos com a chefia da delegação gaúcha a cargo do chefe Osni Rosenhaim, que é uma grande expressão escoteira do Grupo Jean de Lery.

Mais recentemente, passamos a ter uma relação próxima com o G.E. Arno Friedrich, de Porto Alegre. Nosso primeiro contato foi em 1996 no Jamboree da Guatemala, quando quatro membros do Arno ficaram em nossa tropa, até que anos depois recebemos o Arno em Triunfo para um acampamento e desfile cívico, em 20 e 21 de setembro de 2003, quando acantonamos na sede e acampamos no Camping do Areal. Foi-nos oferecida uma lembrança que está em nosso armário de troféus, sendo uma grande placa em madeira com uma flecha confeccionada em pedra-sabão e madeira pirografada pelo diretor-presidente do grupo na época, o artista plástico e publicitário uruguaio Eduardo Alqueres. Estivemos juntos em diversos Jamborees e contamos com seu apoio na estruturação do clã pioneiro. Tudo fruto da amizade com dois chefes em particular daquele grupo, Márcio Sequeira da Silva e Marlon Benites de Souza.

1º. Torneio Brasileiro de AROBOL

1º. Torneio Brasileiro de Arobol

 Importado da Guatemala, este esporte foi aprendido pelos brasileiros durante o X Jamboree Panamericano, em Muxbal, em 1996. O objeto que faz as vezes de bola é uma correia de motor, daí o nome “arobol”. É jogado por duas equipes com número igual de participantes e o objetivo é acertar o aro em um longo bastão segurado por um dos jogadores, mas que não pode mover-se e se posiciona atrás do time adversário. O jogador de posse do aro não pode dar mais de três passos contínuos, quando deverá passar para alguém da equipe ou tentar o arremesso para o ponto, desde que o meio do campo já tenha sido transposto. No mais, segue regras semelhantes ao handebol ou basquete.

As partidas na Guatemala iniciaram justamente ao lado de nosso canto de patrulha, nos fundos da barraca da chefia, porque ali havia um espaço livre, um campo de chão batido, tapado de poeira. Desnecessário dizer como ficavam nossas barracas com tanto pó. Por conseqüência, nossos escoteiros aprenderam bem as regras. Como nosso subcampo ficava muito distante da arena central do evento, era na porção mais alta do morro, durante o tempo livre, os jovens de todas as tropas muitas vezes preferiam ficar no subcampo jogando a se deslocar até lá.

Um mês após voltarmos do Jamboree guatemalteco organizamos o Acampamento dos 10 anos, para comemorar o aniversário do Chama Farroupilha e dentro da programação do evento estava o Primeiro Torneio Brasileiro de Arobol. Para que não se dê por passado, fica aqui o registro deste fato inédito porque já vimos muitos outros grupos escoteiros praticando o arobol recentemente. Além dos registros fotográficos do evento, as mais de cem pessoas presentes foram testemunhas e disputaram o torneio.

Organizamos quatro quadras simultâneas, os juízes das partidas de cada quadra foram os chefes Maurício Volkweis e Mateus Freitas do Chama Farroupilha, Fabiano Trein do Jean de Lery e Guilherme Raymundo do Inhanduí, sendo este o único dos quatro que não havia aprendido o Arobol diretamente dos guatemaltecos porque não havia participado deste Jamboree. Então, ensinamos previamente as regras a ele para que também pudesse atuar como árbitro em uma das chaves do torneio.

A atividade foi aplicada no ramo escoteiro e cada grupo participou com mais de um time, organizados de acordo com as patrulhas presentes e aconteceu junto ao local de acampamento, no Camping do Areal, no centro de Triunfo, as margens do rio Jacuí, durante à tarde do dia 25 de maio de 1996, das 14 h e 30 min até as 16 h e 30 min. Após 15 anos, o resultado do torneio perdeu-se no tempo, não sabemos mais a classificação das patrulhas participantes.

Os Jamborees

Os Jamborees – Bolívia, Guatemala, Chile, Foz do Iguaçu, Inglaterra, Suécia.

Após o VII Encontro Regional de Chefes do Ramo Escoteiro, decidimos oficialmente participar do 9º. Jamboree Panamericano de Cochabamba, Bolivia, por influência de Eduardo Bello. Foi realizado entre os anos de 1994 e 1995, com a passagem do Ano Novo lá, no altiplano andino. Era a primeira vez que o Chama Farroupilha participava de um evento internacional, a primeira vez que ia a um Jamboree e a primeira vez que saia do Brasil. A Região, através de Eduardo Bello, organizava uma grande delegação, com um voo charter somente para os gaúchos, fretado do Lloyd Aéreo Boliviano. Foi uma surpresa quando entramos no avião e a direita da porta havia uma placa de bronze com os dizeres escritos em espanhol e aqui traduzidos: “Nesta aeronave voou o Papa João Paulo II, quando de sua visita a Bolívia”. Foi uma tranqüilidade muito grande saber que estávamos voando no avião papal, uma sensação de segurança reconfortante, a despeito de todas as brincadeiras de humor negro que ouvimos antes de viajar, fazendo referências a uma companhia aérea que é muita séria e sem histórico de acidentes. Iniciamos a organização da delegação triunfense, fizemos algumas reuniões e como nesta época não tínhamos sede, estes encontros com os pais para esclarecer o que era o evento e como poderíamos participar ocorreram no subsolo do Clube Centenário, junto a pista de bolão. Finalmente, nossa delegação foi composta pelos chefes Maurício Roth Volkweis e Mateus Schenk Freitas, pelo sênior Geleovir Freitas e pelos escoteiros Elzo Giacomelli Junior, Vinícius Lima Goldani, Vinicius da Cruz de Paula e Guilherme Galarça Radin. Delegação para a Bolívia.

Tanto a viagem quanto o evento transcorreram sem problemas, chegamos pela manhã mas só fomos transferidos para o acampamento na tarde do dia seguinte. Ficamos alojados em uma escola no centro de Cochabamba, o que permitiu que conhecêssemos a cidade. Tínhamos um universitário voluntário que nos servia de guia. Já na metade do primeiro dia, o Mateus dispensou o rapaz e assumiu as funções de guia turístico sem nunca ter ido antes a Cochabamba. Quando cruzávamos com outros grupos de escoteiros brasileiros pela cidade eles perguntavam onde estava nosso guia e o Mateus respondia “El guia soy yo, la garantia soy yo“ em uma alusão a um comercial de TV do videocassete Toshiba quatro cabeças. A noite jantamos em uma pizzaria no centro de Cochabamba. O detalhe é que nunca nenhum de nós havia estado em Cochabamba, mas realmente não era difícil se localizar na cidade e encontrar os locais de interesse para visitação, incluindo uma feira gigante de artesanato. O programa do Jamboree envolvia muitas caminhadas pelo altiplano andino, realmente muito bonito. Nossa tropa foi completada com o grupo escoteiro Jean de Lery, de Estância Velha e Inhanduí, de Canoas. O Chefe da tropa era o chefe Davi, do Jean de Lery, que também desempenhava a função de coordenar a cozinha do acampamento. Um dia de noite a equipe de cozinha resolveu fazer um macarrão, que ficou todo grudado, impossível de ser comido. Um escoteiro do Jean de Lery, Rômulo Faustino, hoje conhecido no escotismo como Rufos, colocou a massa no prato e o virava de cabeça para baixo e a massa não caia, desafiava a lei da gravidade. 

Estávamos participando da I Ação Escoteira em Veranópolis, em abril de 1995 e no domingo pela manhã havia uma missa na praça central da cidade, onde todo o evento iria participar. Lá estava novamente Eduardo Bello que conversou conosco e passou informações preliminares sobre o X Jamboree Panamericano que seria realizado na Guatemala e haveria a possibilidade de após o jamboree passarmos uma semana nos Estados Unidos, em Orlando, desfrutando a Disney e demais parques. Parecia um sonho. Nesta época havia paridade cambial entre o Real e o Dólar e tudo ainda poderia ser pago em dez parcelas fixas. Logo iniciamos as tratativas e montamos uma delegação em nosso grupo, que apesar das facilidades financeiras para este evento, foi a menor delegação do Chama Farroupilha em um Jamboree, sendo composta pelos chefes Maurício Roth Volkweis e Mateus Schenk Freitas e pelos escoteiros Elzo Giacomelli Junior, Vinícius Lima Goldani, e Vagner Pinheiro Machado. O evento transcorreu durante a páscoa de 1996, de 30 de março a 6 de abril de 1996, em Muxbal, nossa tropa era formada ainda pelos Grupos Jean de Lery (Estância Velha), Barão do Rio Branco (Novo Hamburgo), Arno Friedrich e Marquês do Herval (Osório). O chefe da Tropa 5, Vikings, era o Maurício Volkweis, Mateus Freitas era o chefe do Bem-Estar e o Fabiano Trein era o chefe do Programa, estas duas últimas funções criadas pela organização do jamboree e com funções específicas. Desde então, começamos a observar um fato constante em nossas tropas e muito interessante. Os jovens criam ou uma história fantasiosa ou um amigo imaginário coletivo que está presente em todos os momentos e acompanha a todos. Na Guatemala, os escoteiros Rodrigo Luiz Kasper e Rodrigo Magrin Juchen (o Patê), ambos então do G.E. Barão do Rio Branco, instituíram a história dos Ciclonóides, que vieram do planeta Ciclon e poderiam converter outras pessoas, sugando sua energia vital com a ferramenta especial, desde que a pessoa se colocasse em posição. Apenas os seis ciclonóides originais não tiveram sua energia vital sugada, a saber: Chefes Maurício, Mateus e Fabiano Trein e os próprios Kasper e Patê e o João, amigo deles que não foi ao Jamboree e que segundo eles foi quem inventou esta história toda. Havia sinais de identificação entre os ciclonóides e toda uma coreografia muito elaborada.

A organização guatemalteca foi precária, faltando muitas coisas para o evento e o local ainda era muito difícil, devido a ser um morro muito pedregoso, com grandes distâncias entre os subcampos e a arena central. Gastávamos 20 minutos caminhando morro acima para voltar da arena central até o acampamento que era no último subcampo, quer dizer, no mais alto. Entre o nosso canto de tropa e a rua de circulação havia um barranco arborizado que virou o ponto de parada do pessoal, em qualquer minuto vago todos estavam no barranco apreciando o movimento. Os guris desenvolveram um passatempo, fizeram plaquinhas com notas e ficavam sentados em cima do barranco observando o movimento. Quando passava uma menina, eles levantavam as plaquinhas dando notas para elas. Todos gostaram da idéia e tinha menina que não cansava de passar, para ver se a nota melhorava. Esta brincadeira foi repetida meses depois, na Ação Escoteira de São Lourenço.

A UEB foi fantástica, criando uma organização paralela e fornecendo as tropas brasileiras o suporte que o evento não oferecia, inclusive dois veículos foram alugados, uma van e uma picape, para atender as tropas. Após o Jamboree, os chefes de tropa receberam uma agradável e elogiosa carta de agradecimentos, assinada pelo próprio Antônio Carlos Hoff, chefe da Delegação Brasileira. Uma das atividades do programa era a escalada do vulcão de Pacaya, ainda ativo. Os grupos eram deslocados de ônibus até a base do vulcão e quem realizasse a subida, recebia um distintivo no topo do vulcão, que caracterizava a base. Todos os integrantes do Chama conquistaram a insígnia. Era uma elevação muito íngreme, com muitas pequenas pedras soltas queimadas, resultado do resfriamento da lava e os pés se enterram nestas pedras, dificultando a subida. O pisoteio destas pedras também produzia uma poeira preta que atrapalhava a respiração. Trouxemos algumas destas pequenas pedras pretas como recordação e elas estão no armário de troféus do grupo, em uma pequena caixa plástica transparente. Parte da tropa 5 no topo do vulcão de Pacaya. Depois, os dias em Orlando foram muito prazerosos e visitamos a Disney World, Epcot Center, MGM Studios e Universal Studios, hospedados em hotel e com direito a compras na Rodeo Drive e um city tour em Miami.

Tivemos uma intercorrência na imigração americana, onde uma escoteira do G.E. Jean de Lery foi detida por problemas no visto de imigração americano. Acontece que o governo dos Estados Unidos havia concedido um visto que permitia somente uma entrada no país e quando fizemos a conexão para a Guatemala esta única entrada foi utilizada embora não tivéssemos nem saído do aeroporto, mas ninguém sabia disto. Ela foi conduzida para uma sala toda envidraçada onde ficavam os imigrantes ilegais até receberam o devido destino, junto com diversas pessoas algemadas. Todos nós viajávamos impecavelmente uniformizados, apesar dos sete dias de acampamento e pensamos que isto ajudou muito, dada a popularidade do escotismo nos Estados Unidos. Foi permitido um acompanhante por ela ser menor de idade , havia sua irmã na tropa mas não falava inglês, então foi solicitado ao chefe Maurício Volkweis acompanhar a jovem. Após conversar com os oficiais da imigração, eles foram sensíveis a situação, houve explicações de ambas as partes e validaram o visto para somente mais uma entrada, cobrando uma nova taxa, na época correspondente a US$ 100,00. Após este susto, apenas desfrutamos os passeios.

O Jamboree do Chile foi o primeiro e até agora único Jamboree Mundial realizado na América Latina e o 19º. World Scout Jamboree. Iniciamos um longo trabalho prévio de motivação e diversas estratégias de arrecadação de fundos pela oportunidade de participar de um Jamboree Mundial em um país próximo, portanto com uma viagem mais barata. Fizemos uma ficha para cada jovem que funcionava como uma conta corrente, o que cada um gerava de dinheiro nas promoções era creditado individualmente, assim cada jovem poderia acompanhar seu próprio progresso financeiro. Se alguém desistia, o dinheiro acumulado por ele era fraternalmente dividido entre os restantes, creditando na ficha pessoal. Nossa delegação contou treze membros e foi a maior até hoje para um Jamboree. Era formada pelo Chefe Maurício Roth Volkweis e pelos jovens Bruno Barreto Pavão, Daniel Pinheiro Vargas, Diego Vargas, Dyego Matielo Lemos, Guilherme de Souza Ferreira, Leopoldo Galarça Radin, Luciano Breitsameter Demaman, Mateus Marchett Lopes, Maicon da Silva Silveira, Mário Celso Pacheco, Vinícius Goldani e João Manoel de Medeiros. Nossa tropa foi completada com o Grupo Manoel da Nóbrega, Guaranis, George Fox e com uma patrulha de Moçambique. Os moçambicanos nos presentearam com uma fruta típica de Moçambique que forma uma espécie de pequeno porongo chamada de Massala, serve para conter líquidos e encontra-se exposta em nossa sede no armário de troféus. Durante o evento, sofreram forte crise de malária, doença da qual eram portadores, exigindo a internação no hospital de campo de quatro jovens diferentes.

No voo entre Porto Alegre e Buenos Aires, onde fizemos nossa conexão para Santiago, o serviço de bordo distribuiu um conjunto de brindes onde havia um creme hidratante em um sache. Logo veio a bandeja de alimentação e o Guilherme Ferreira passou o hidratante na comida toda, achando que era maionese. E ainda reclamou do gosto estranho daquela maionese. Houve muitas falhas no programa do Jamboree para os jovens, com bases que verdadeiramente não funcionavam, tal como a base Carros de Acero. Havia um calor intenso e o ponto alto foi a ampla distribuição de frutas durante todo o acampamento e em múltiplos pontos. A decoração do campo, com pórticos em todos os subcampos e vias cobertas com telas para proteger do sol também merecem destaque. Nossa tropa era a 4 e se chamava Muuripás, o grito de guerra era: “Do sul viemos nós, escute minha gente, Gaúchos como nós, Escoteiros para sempre”. Estávamos alojados na aldeia Teotihuacán, no subcampo Toltecas. O amigo imaginário dos jovens neste jamboree era o Pepeco ou Ralfs de Pepeco. Tudo era ele quem fazia, sabia ou deixava de fazer. Confesso que cansamos do Pepeco e ele acompanhou o grupo por muito tempo, voltou junto do Jamboree e habitava as ruas de Triunfo, onde frequentemente se ouviam gritos clamando por ele.

Sabe-se que cabeça vazia é oficina do diabo. Os jovens acabaram inventando uma distração nada escoteira e que reprimimos fortemente em nossa tropa quando a descobrimos. Havia muitos banheiros químicos no campo e eles ficavam esperando alguém entrar para utilizá-lo, aguardavam uns instantes para dar tempo da pessoa se sentar e atiravam uma pedra dentro do cano do respiro de ar do banheiro. Essa pedra cai por aproximadamente dois metros dentro de um cano fechado até se chocar com o reservatório dos excrementos, produzindo um grande pingão em quem está sentado, seguido de muitos gritos de desaforo. Conseguiram inventar algo realmente podre.

Aconteceu neste Jamboree um encontro que se tornou tradição em Jamborees Mundiais, que é o Encontro Lusófono. Ao final da tarde de um dos dias de acampamento, todos os participantes do evento de países que falam a língua portuguesa se reúnem para apresentações culturais, troca de experiências e confraternização.

Ainda resultado do tempo ocioso, o escoteiro Leopoldo Galarça Radin furou a orelha do escoteiro Luciano Demaman no acampamento para ele colocar um brinco. Usou uma técnica muito sofisticada, deixando uma pedra de gelo por alguns instantes no lóbulo da orelha e depois furando com o próprio brinco, em um golpe seco, seguido de um grito. Foi também neste Jamboree que tivemos o acidente mais sério com um membro de nosso grupo. No penúltimo dia, o Vinicius Goldani, que era um dos cozinheiros, enfiou uma das mãos em uma frigideira com azeite quente, queimando todo o dorso. O Vinicius era escoteiro experiente, até hoje é o único integrante do grupo a participar como membro juvenil de três Jamborees (Bolívia, Guatemala e Chile), este era seu último jamboree porque já tinha 17 anos, mas infelizmente acidentes acontecem. Permaneceu horas com a mão enfiada em uma bacia com água e gelo para aliviar a dor. A cicatrização da queimadura transcorreu sem intercorrências e não deixou sequelas. O Jamboree aconteceu entre 1998 e 1999, com a virada do ano lá. Devido a aridez da região, vimos um vídeo em telões da queima de fogos de artifício porque nenhum foguete poderia ser detonado. Também neste evento os ingleses já estavam divulgando o Jamboree do Centenário que aconteceria somente sete anos depois. Ganhamos inclusive pins de divulgação do evento e tivemos a oportunidade de conversar com Derek Twine, pessoa muito simpática, quinto Chefe de Campo de Gilwell Park no período de 1983 a 1999, que nos deu um cartão seu, guardado em nosso relicário. Os escoteiros entendem a importância da única Insígnia da Madeira de seis contas. Após o Jamboree a comunidade de Triunfo viveu uma experiência singular, que foi a de participar do programa de Home Hospitality (HoHo), onde cada família recebeu dois escoteiros ingleses, tivemos dezesseis pessoas alojadas em Triunfo, provenientes da região de Leeds e Wakefield, correspondendo a escoteiros do Condado de Central Yorkshire. Eram catorze membros juvenis e dois chefes. As famílias que hospedaram os ingleses foram as de João Ramos Matias, Cacildo Volkweis, Maria Cristina Lemos, Carlos Eduardo Bonatto Felten, Marcos Pavão, Carlos Antônio Aita, Achiles Goldani Netto e Fábio Jerônimo Martins Vargas. Permaneceram em Triunfo durante 4 dias. No churrasco de despedida realizado no Cantegril Clube, recebemos um quadro onde o fundo é o lenço da delegação inglesa e sobreposto a ele estão os distintivos de todos os distritos que formavam a tropa no HoHo de Triunfo, exposto na sala da chefia. Ainda ornamentam a sede uma flâmula do Jamboree em um quadro de vidro, oferecida ao grupo pelo chefe Maurício, um quadro com a carta de agradecimento e fotos que foram enviadas pela tropa do Ho-Ho após a volta deles para a Inglaterra, e um prato plástico com a logo do jamboree, no armário de troféus do grupo, presente de Dyego Matielo Lemos.

Ao revisar estes relatos, Daniel Vargas, o Cachorro, ainda lembrou de outra história. Como o Chefe Maurício era o único chefe de seu grupo liderando doze jovens, alguns cuidados foram necessários, que o Daniel narra a seguir: Nas preparações para ida ao Jamboree do Chile fazíamos algumas reuniões, e em uma dessas reuniões você (Maurício) chamou apenas eu (Daniel) e o Mário (Pacheco) daí você nos falou como funcionaria tudo lá no Chile e nos depositou a confiança de passar algumas instruções de como assumir o controle do grupo, documentos de todos e também de como agir caso acontecesse alguma coisa com você. Nessa reunião, em conversa descontraída, eu falei: “Imagina depois que voltarmos, em fazer encontros com jantas ou almoços para podermos nos encontrar e falar das histórias que vivermos lá”. Nesse momento você (Maurício) me falou uma coisa que levo até hoje na minha vida, óbvio pelo acréscimo dos fatos acontecidos: “Cachorro, aproveita tudo lá durante a viagem pois quando viajamos e vivemos em grupo, ainda mais do tamanho desta tropa que estamos indo viajar, nunca mais tu consegue reunir todo mundo, pois quando marcar algum encontro sempre um dos integrantes terá outro compromisso ainda mais que vocês tão crescendo, indo estudar e trabalhar”. Após o retorno do jamboree fizemos um almoço no Clube Cantegril o qual se bem me lembro o Luciano Demamann já não pôde ir e dói a partida do nosso colega Guigui. Então, sempre aproveito todos os dias de minha vida intensamente com as pessoas que estão comigo nos momentos, viagens, festa, jantares, almoços, reuniões e outras atividades as quais participo com amigos e conhecidos, pois em 1998 e 1999 escutei essas palavras de você e vivencio até hoje o que disse naquele momento.

De 7 a 12 de janeiro de 2001 o Brasil voltou a sediar um Jamboree Panamericano e novamente o Chama Farroupilha esteve presente, a delegação foi composta pelo Chefe Maurício, seniores Guilherme da Silva Ferreira, Bruno Barreto Pavão e Mateus Marchett Lopes e pelos escoteiros Gabriel de Medeiros Aita, Vinicius Mendes Felten, João Henrique de Freitas e Moisés da Silva Rybar. Viajamos um dia antes de van e ficamos uma noite hospedados no Hotel Rafain, em Foz do Iguaçu, para no dia 7 darmos entrada no campo. Delegação triunfense em Foz do Iguaçu. Em pé: Chefe Maurício, Moisés, Bruno, Guilherme, Mateus, João e Gabriel. Agachado: Vinícius. Este Jamboree foi um exemplo de organização, onde tudo funcionava perfeitamente e foi também a única vez que um de nossos escoteiros experimentou um caso grave de saudade de casa, que chamamos de banzo, numa analogia a saudade que os escravos sentiam de sua terra natal. Este é um fato passível de acontecer em longos acampamentos como este e talvez o amigo imaginário coletivo ajude neste equilíbrio emocional e neste jamboree não houve nenhum. Outro evento marcante foi a chuva. Não chovia o dia todo, mas todos os dias choviam, algo que se tornou muito irritante após alguns dias de acampamento. A região é composta por um solo argiloso, muito vermelho, que facilmente vira barro e mancha tudo. Algumas barracas ficaram tão encardidas que não conseguimos mais eliminar as manchas. A chefia da tropa escoteira 219, chamada Atyra, com 35 participantes, ficou a cargo do chefe Eduardo Loureto Alves (Nono), do G.E. Henrique Dias de Santa Maria, da chefe Carmem Koehler do G.E. Santa Cruz, do chefe Fabiano Trein do G.E. Jean de Lery e do chefe Maurício Volkweis do Chama Farroupilha. Os jovens era procedentes dos grupos Botucaraí, Santa Cruz, Almirante Abreu, Augusto Severo, Iguaçu, Medianeira, Itaipu, Porto Seguro, Ventos do Sul, Nenguiru, Acauã, Chama Farroupilha, Paranhana, Jean de Lery, Barão do Rio Branco, Harmonia e Henrique Dias. Nossos seniores ficaram em outra tropa, liderada pelo chefe Alberto Stochero, de Santo Ângelo.

Um ponto alto foi o refeitório montado, com toda a alimentação era oferecida pronta, liberando os jovens de atividades de cozinha e permitindo mais tempo para confraternização e também merecem destaque os banheiros que sempre funcionavam adequadamente. A frente deste evento estava o trabalho de Eduardo Bello, Executivo da Direção Nacional, a quem citamos as qualidades e lamentamos a perda precoce.

Em 2007 ocorria o Centenário do Escotismo, marcado pelo centenário do acampamento na ilha de Brownsea, considerado o marco de fundação do movimento. Para celebrar data tão significativa, a Inglaterra, assim como ocorreu no cinquentenário do escotismo em 1957, organizou o 21º. World Scout Jamboree. Trabalhamos fortemente para o Chama Farroupilha estar presente, acalentando o sonho desde 1999, quando no Jamboree do Chile tivemos contato com a delegação inglesa, que já divulgava os preparativos para o evento. O resultado é que fomos a maior delegação do Rio Grande do Sul, motivo de muito orgulho para todos. Esta foi a nossa segunda maior delegação, com doze membros. Tal número só foi possível graças ao empenho pessoal de Pedro Francisco Tavares, o Chico, que conseguiu patrocínios para o Grupo Escoteiro. A Delegação foi formada pelos Chefes Maurício Roth Volkweis, Daniel de Souza Franco, Lucas Meister e pelos jovens Tibério Kober, Rafael Conzatti Umann, Leonardo Schmidt Costa, Luiza Galarça Radin, Cintia de Souza Franco, Henrique Jadoski, Bruno Dornelles Pereira, Carlos Gabriel Grzegorczyk Dias e Rodolfo Itamar Souza Viacava.

O amiguinho imaginário que acompanhou a tropa desta vez foi o Barbiroto. Dessa vez, o significado foi estendido e também usado como verbo, tipo ele está barbirotiando e até como adjetivo, como barbirotice. Nossa tropa era a única do Rio Grande do Sul, portanto contava com jovens de todo o estado e ainda uma patrulha de escoteiros uruguaios. Nossos hermanos nos presentearam com um troféu que é um mapa do Uruguai, revestido em cobre, obra de um artista plástico uruguaio, que está exposto em nossa sede, no armário de troféus do grupo junto com uma foto e cartão de toda a equipe de chefes de serviço de nosso subcampo, oferecida como recordação a todas as tropas presentes. Também temos exposta em nossa sede a faixa que identificava a Tropa 12, com o nome de todos os municípios de onde os integrantes eram procedentes, ou seja, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Portão, Triunfo, Vera Cruz, Estância Velha, Erechim e Carazinho. Parte brasileira da tropa sendo homenageada pelos irmãos uruguaios. Os chefes Daniel e Lucas trabalharam na Equipe Internacional de Serviço e a chefia da tropa foi composta pelo chefe Maurício, um chefe da Delegação Uruguaia, pelo chefe Tiago do G.E. Arno Friedrich, e pelo chefe Eduardo Amorin, o Bala, então do G.E. Santa Cruz (181 RS), um chefe escoteiro nato, com extensa dedicação ao escotismo, fundador e organizador de outros grupos escoteiros como o McLaren (343 RS) e o Arés (193 RS), com quem desenvolvemos intenso e gratificante trabalho durante o acampamento. O Bala é uma pessoa muito autêntica e com o trabalho conjunto tivemos um excelente evento. Após o Jamboree ele escreveu em seu blog um extenso agradecimento a nós, deixando-nos verdadeiramente envaidecidos, em uma sincera demonstração de carinho. O reconhecimento pelos irmãos de ideal, especialmente aqueles muito dedicados ao escotismo, é sempre uma grande honraria (http://chefebala.blogspot.com/2008_01_01_archive.html).

Este Jamboree foi um exemplo de organização, tudo foi perfeito, tudo funcionou, uma experiência única e irrepreensível, que contou com a presença do Príncipe Willian, herdeiro do trono inglês na Cerimônia de Abertura, bem como do neto de Baden-Powell, também chamado de Lord Baden-Powell. Toda a programação transcorreu naturalmente, havendo um dia inteiro de atividades em Gilwell Park e em outro dia havia inclusive uma encenação de um torneio medieval de cavaleiros durante o horário de almoço. Era impressionante a quantidade de câmeras de segurança no evento, inclusive com unidades móveis de monitoramento, todavia não impediu que nossa bandeira do Brasil, que ornamentava o pórtico do canto de patrulha fosse roubada durante a noite. Era uma bandeira muito grande, que um dos jovens de Porto Alegre do grupo Arno Friedrich havia levado, procedente da empresa que seu pai trabalhava e que a havia substituído, embora em perfeito estado. A caça de troféus é uma prática antiga e condenável no escotismo e desta vez fomos vítimas.

Devido a este roubo, fomos convidados a comparecer a uma espécie de delegacia montada dentro do Jamboree em containeres, em uma das extremidades do parque, acompanhados pelo chefe do subcampo Tundra, onde estávamos acampados. Ficamos impressionado com a quantidade de agentes da New Scotland Yard, a polícia inglesa, que estavam presentes no evento, vestidos como escoteiros e trabalhando discretamente pela nossa segurança. Frequentemente eram vistos policiais uniformizados circulando no campo, em policiamento ostensivo, mas estes, depois desta visita, percebemos que eram só para inglês ver. O contingente policial verdadeiro era discreto e circulava em bicicletas, misturado as equipes de serviço. Após o evento, passamos três dias em Londres e quatro dias em Paris, oportunidade única para estes jovens conhecerem duas das mais importantes capitais do mundo. Desta vez, a função de guia turístico coube ao chefe Maurício.

No período de 27 de julho a 7 de agosto de 2011, a Suécia sediou o 22º. Jamboree Mundial, em Kristianstad e o Chama Farroupilha preparou uma delegação composta pelo Chefe Maurício Volkweis, pelos escoteiros Otávio Delavi Carvalho, Pedro Delavi Carvalho, Anderson da Rosa Gonçalves e Henrique Tavares Schubert e os pioneiros e integrantes da Equipe Internacional de Serviço Letícia Teixeira Lopes, Tibério Kober, Rafael Conzatti Umann e Rodolfo Itamar Viacava. Por sugestão minha, nossa tropa se chamou Lino Schiefferdecker e era a Tropa 8 do Contingente do Brasil, chefiada por mim e tendo como assistentes os chefes Daniel José Vacaro, Mônica Ayete e Manuela Kanan. O contingente gaúcho foi liderado pelo chefe Osni Rosenhein. Transcorremos sem intercorrências e o programa do jamboreee estava bem satisfatório, sendo um dos jamborees mais tranquilos e calmos de que participei. Após o evento, nosso grupo permaneceu dois dias em Copenhagen e outros quatro em Barcelona onde novamente as funções de guia turístico couberam ao chefe Maurício Volkweis.