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Rio de Janeiro, 1919 – Primórdios do Escotismo
Outro conjunto de fotografias antigas de escoteiros do Rio de Janeiro foi incluído em nossa coleção. O primeiro set de imagens de escoteiros do Rio está em https://chamaescoteira.wordpress.com/2017/03/20/75-rj-do-ar-baden-powell-la-em-1939/
Desta vez, são apenas 4 fotos, pequenas, com 5,5 x 8 cm cada uma e algumas com anotações no verso, que são pistas para a história.
A pesquisa está em aberto, não temos conclusões sobre estas imagens, qualquer contribuição ou ajuda na identificação destes escoteiros e de sua história é bem-vinda e será adicionada neste post com o devido crédito pela informação.
Aparentemente, um retratista foi chamado para registrar alguns momentos de um jovem escoteiro chamado José Luiz Goyano, com seus chefes e tropa, conforme veremos a seguir.
Pesquisando o nome, encontramos o Almirante José Luiz de Araújo Goyano, que teve seus direitos políticos cassados durante o regime militar nos anos 1960 e que poderia ter idade para ser a mesma pessoa, contudo não conseguimos confirmar a hipótese.
A primeira delas mostra um escoteiro devidamente uniformizado, posando para a foto, garbosamente perfilado. Apesar do uniforme escoteiro com chapéu, cinto, lenço, bastão e perneiras, não há distintivos nem anel de lenço. Parece estar em frente a um muro, que serve de fundo também para outras fotos. Nesta foto não há nada registrado no verso.
Outra das fotos mostra o jovem junto com um adulto, certamente um chefe escoteiro, de gravata, com uniforme um pouco diferente. No verso desta foto aparece escrito discretamente a lápis o nome “José Luiz Escoteiro”. No pé da folha aparecem parte de inscrições que parecem terem sido cortadas, como que para a foto caber em algo.
No verso desta foto com o jovem de perfil, está escrito com nanquim: “José Luiz Goyano, A? dos escoteiros, de Botafogo, 1919”, que aparece cortado. Supomos tratar-se novamente do nome do jovem, do local e do ano da foto.
A última foto mostra uma tropa reunida, com 26 pessoas na imagem, onde dois parecem ser os chefes. Em primeiro plano há dois jovens segurando bandeirolas que se cruzam, sob as quais está sentado um destes que aparenta ser chefe. Alguns dos jovens parecem ter um distintivo na manga esquerda do uniforme e muitos portam bastões.
No verso desta foto há inscrições com nanquim que trazem novamente o nome de José Luiz Goyano e um endereço: Rua Conde do Irajá, 134, Botafogo.
Pôsteres no Distrito Federal
O campo-escola dos Escoteiros no Distrito Federal tem pendurado em suas paredes uma boa parte da história do escotismo nacional, na forma de pôsteres ou painéis. Uma bela memória que merece ser conhecida.
A temática da vestimenta escoteira, recorrente no escotismo mundial, divulgada em 1991:
Parede de azulejos referente ao Jamboree Nacional do Distrito Federal:
III Seminário Nacional de Desenvolvimento Comunitário, em São Paulo, 1981:
Conselho Nacional em Salvador, 1975:
Reunião do Conselho Nacional, 1982, Paraíba:
Cartaz do Conselho Nacional em Balneário Camboriú, 1984, destacando 70 anos do Escotismo Catarinense na parte inferior:
Patrocinado pelo Guaraná Brahma, cartaz da Reunião do Conselho Nacional de 1989, em Goiânia, no Hotel Umuarama:
Aventura Sênior Regional do Rio Grande do Sul, em Nova Petrópolis (serra gaúcha), em 1991. Reparar o carimbo de propaganda do Jamboree Colombo:
B-P, Um álbum de família
Baden-Powell, A family album, Heather Baden-Powell, Sutton Publishing, 193 p., 2007. Primeira edição publicada em 1986.
Escrito pela filha do meio de B-P e Olave, este livro trás um relato muito interessante do cotidiano da família, destacando muitos aspectos da vida familiar, de forma detalhada e muito romântica.
Facilmente adquirível pelo e-bay, com um custo inferior a R$ 40,00, incluindo as despesas postais. Destacam-se alguns pontos muito interessantes, sendo amplamente ilustrado, embora sem a mesma qualidade das fotos presentes na biografia “Baden-Powell”, de Tim Jeal.
A despeito de toda a polêmica brasileira e para aqueles que invocam a “tradição do escotismo”, Heather Baden-Powell escreve na pg 108, 3°. parágrafo, quando descreve uniformes escoteiros de outro país, observados em 1935 (porém este livro foi escrito em 1986, o que reforça a longevidade da opinião), por ela, Baden-Powell, Olave e sua irmã Betty: “Uniforms – no matter where in the world – most constantly change with the times.” Ou seja, “Uniformes – não importa onde no mundo – devem constantemente mudar com os tempos” (tradução livre). Pode haver tradição maior que a reflexão e a opinião de Baden-Powell e sua filha durante uma longa viagem por diversos países, toda direcionada ao escotismo?
O texto segue descrevendo de forma cronológica, ano a ano, a vida cotidiana. Refere a mudança por duas casas alugadas, Ewhurst Place e Little Mynthurst até a aquisição de Pax Hill, onde B-P morou de 1918 até 1938.
A montagem de um grande grupo de funcionários liderados por Mrs Wade e como Olave administrava todos com orientações sempre datilografadas. Assim como B-P ditava o livro Lições da Escola da Vida para ela datilografar, durante uma viagem de navio para a Austrália, em 1931.
O hábito de dormir na sacada do quarto de Olave, inverno e verão, pois dizia que dormir dentro de casa o deixaria gripado. Executava sua rotina matinal de exercícios muito cedo, descia para o escritório para escrever ou estudar, onde havia uma maçã esperando por ele. Após aproximadamente duas horas de trabalho, subia novamente para o chá com Olave, antes do café da manhã, que seria perto das 8 horas.
O burro indirigível e indiferente ao freio e as rédeas, chamava-se Nellie, engordou tanto que virou Barrel, e derrubou Heather, resultando em fratura do cotovelo esquerdo.
As histórias dos cavalos, particularmente Black Prince (também apelidado B-P), montado por Baden-Powell pela última vez em 1911, junto com Rei George V, para visitarem o Rally Escoteiro em Windsor. Foi, então, oferecido a Lucy Kemp-Welch, artista de cavalos para servir de modelo e dez anos depois retornou, agora para Pax Hill, para ensinar as crianças a cavalgar. Formou-se um trio, que além de Barrel, incluia Toppy, outro cavalo. A afirmação frequente de B-P que para ser um bom cavaleiro é preciso cair pelo menos 80 vezes também é citada.
Descreve outras frases e particularidades do B-P:
“Nada é impossível, exceto por a pasta de dente de volta no tubo.”
“Nada é seu até que você tenha agradecido.”
Janelas da Pax Hill alteradas até o chão nos quartos, para apreciar a rua deitado nas camas.
O cuidado de guardar os selos da vasta correspondência recebida.
O costume de dar nome aos objetos, fossem carros, barracas, utensílios, etc.
O raro uso do telefone, e o número de Pax era “Bentley 8”.
A participação como membro hereditário da Worshipful Company of Mercers, fundada em 1394.
B-P e Olave recebiam na propriedade para finais de semana, escoteiros de diferentes lugares, em grupos. Reunia, após 21 anos do acampamento de Brownsea, os participantes originais, que ainda se agrupavam nas suas patrulhas de origem, embora a Primeira Guerra Mundial houvesse provocado algumas baixas permanentes.
As narrativas das viagens em família por diversos destinos, como a África do Sul, Índia e pelo interior da Inglaterra com dois dos três carros da família, um deles puxando o trailer, apresentados todos juntos em uma das fotos acima.
A viagem para Kandersteg e o chalé que abrigava os trabalhadores do túnel Loetchberg e que estava abandonado desde a conclusão da obra. A fita inaugural foi oficialmente cortada por Misses Olave, e o prédio passou a ser chamado por todos de “Our Chalet”.
Como Olave organizou para 700 jovens uma viagem de navio por 3500 milhas por vários países europeus, hospedando-se em Ho-Ho, e a outra subsequente.
A grave internação cirúrgica que B-P sofreu no início de 1934, onde por mais de uma vez esteve em risco de vida e a sua gradual recuperação. Já no 4°. World Scout Jamboree, na Hungria, ele vinha apresentando sinais de cansaço e dificuldades que foram muito comentados pela imprensa, embora posteriormente tenha se recuperado amplamente.
A malária contraída na África em 1935 por B-P e Olave, durante uma longa viagem pelo continente quando estiveram em Nyeri (The Outspan Hotel) e iniciaram os planos de morar lá. E quando em 1937, ao completar 25 anos de casados, receberam de presente de Eric Walkers, o bangolô construído atrás do hotel para morarem (Paxtu). Foram inicialmente para uma temporada, voltaram a Inglaterra e novamente foram ao Quênia em outubro de 1938, planejando voltar na primavera de 1940.
O retorno a Mafeking com a família em 1936.
A importância da família real britânica para o desenvolvimento do escotismo.
A participação em seu último Jamboree em 1937, Holanda, o 5°. Jamboree Mundial.
O inicio da Segunda Guerra Mundial, quando Heather trabalhou como motorista voluntária e o passamento de B-P no Quênia.
Da esquerda para a direita, o Segundo Barão de Gilwell, o Terceiro Barão de Gilwell e o Primeiro Barão de Gilwell.
Sem dúvida, uma excelente leitura sobre a intimidade desta família que influencia um número cada vez maior de pessoas, revelando muitos detalhes do início e crescimento do escotismo.