Monthly Archives: Abril 2012

Dia do Escoteiro

            Hoje é um dia de festa para todos nós. Comemorarmos o dia do Escoteiro enche de orgulho a todos os que participam do movimento.

            Um movimento educacional centenário, que envolve todas as religiões, povos, culturas e ideologias sob a bandeira da fraternidade é algo para ser admirado e celebrado.

            Dia de nosso santo padroeiro, São Jorge, e da Inglaterra, da qual também São Jorge é padroeiro, e país de origem do escotismo, é agora o dia de todos nós que orgulhosamente usamos um lenço no pescoço e prometemos servir a Pátria, a Deus e ao nosso semelhante.

            Dia de emoções, de lembrar tudo o que vivemos no movimento, de tantos amigos escoteiros, dia de agradecer a benção de ser escoteiro. Dia de lembrar a alegria de cada jovem que já passou por nossas vivas e a iluminou com a sua energia e disposição.

            Parabéns, escoteiro, você merece, você faz a diferença para que o mundo seja cada dia melhor.

 

 

Ciência, Academia e Escotismo

Clã Chama Farroupilha em momento de estudos.

 

No dia 31 de março o chefe Altamiro Vilhena, conselheiro do Conselho de Administração Nacional (CAN), publicou em seu blog a seguinte notícia:

Os Escoteiros do Brasil estão iniciando a política de valorização dos trabalhos científicos (acadêmicos) relacionados ao Movimento Escoteiro. Esperamos trazer muita coisa interessante para esta área, que já foi tema de debate na última reunião do CAN.

Apresentei uma proposta sobre a valorização das pesquisas científicas com temática escoteira através de uma premiação com abrangência nacional, que foi aprovada por unanimidade. Agora vamos ter que regulamentar e fazer acontecer.

Até lá a UEB já está disponibilizando no site nacional alguns trabalhos elaborados por interessados no Escotismo como ferramenta educacional de valor.

Esta é uma novidade de fundamental importância para o crescimento e desenvolvimento do movimento no Brasil. Quando foi escrito sobre o “Estudo e a Insígnia da Madeira” neste blog, em fevereiro, se procurou argumentos com este mesmo enfoque, pois se acredita que tais tópicos são faces de uma mesma moeda.

Somente estudando mais se poderá escrever mais e produzir melhor conhecimento e então ter uma base acadêmica, científica, para a aplicação no cotidiano dos grupos. Neste momento, estão disponíveis no site dos Escoteiros do Brasil dois estudos interessantes, o primeiro é “A contribuição do movimento escoteiro na educação do Brasil”, elaborado por Camila Moreno de Lima Silva, na Universidade de São Paulo. O objetivo foi demonstrar como um movimento de ensino não-formal se incorporou na educação formal no Brasil, e aspectos da educação ambiental presentes no projeto político pedagógico. O trabalho foi apresentado para o curso de Licenciatura em Ciências da Natureza, e é uma pesquisa qualitativa de fôlego.

O outro estudo se chama “Movimento escoteiro: A vida de Baden-Powell e o nascimento do escotismo”, elaborado por José Ricardo Cabidelli Oliveira, na Universidade Federal do Espírito Santo. É uma monografia, apresentada no curso de Licenciatura em História que traça uma contextualização bastante interessante do ambiente onde o escotismo surgiu.

A iniciativa do CAN, em especial do Conselheiro Altamiro, em destacar através de um prêmio os trabalhos acadêmicos que envolvam o escotismo merece aplausos, reconhecimento e também o trabalho e empenho de todos para ajudar a concretizar este projeto. O currículo Lattes é uma ferramenta que pode auxiliar na formação de uma equipe multidisciplinar envolvida com este projeto, com chefes relacionados com a vida acadêmica, produção científica e pós-graduação.

Parabéns ao Altamiro e demais conselheiros do CAN, com certeza este avanço produzirá muitos conhecimentos para o Escotismo, ajudando a projetá-lo e torná-lo mais entendido e compreendido fora de seus próprios muros. Estudar é preciso.

 

O Grupo Afilhado

 

          O Chefe Lucas Meister se muda de Triunfo para Caibaté, uma cidade na região das Missões Jesuíticas no Rio Grande do Sul, noroeste do estado, e distante mais de 450 km de Triunfo, em 2008. Acaba a dupla Dabil-Lucas, formada pelo próprio e pelo chefe Daniel de Souza Franco, iniciada quando ainda eram escoteiros há mais de dez anos, chegando até a chefia juntos e incluindo a participação no Jamboree Mundial da Inglaterra em 2007.

 

A dupla Lucas-Dabil

 

          Foi uma grande perda para o Chama Farroupilha, além do amor de todos, também era muito competente nas suas funções e já era uma pessoa folclórica no grupo. Há muitas histórias do retratista oficial que carregava um tripé para bater fotos com a máquina digital (até para a Inglaterra), da canção suco suco suco, da expressão “ô, cara!”, dos muitos romances com as chefes de outros grupos e tantas outras histórias que o Lucas protagonizou e que são impublicáveis.

          Chegou a notícia em Triunfo de que estaria fundando um grupo escoteiro em sua nova cidade, logo buscamos contato e a informação se confirma. Realmente avançava na idéia da fundação de um grupo em Caibaté, mobilizando pessoas, visitando escolas uniformizado e explanando sobre o movimento. Não aguentava a saudade de praticar escotismo, mesmo que houvesse se mudado há poucos meses.

          Pessoalmente, precisamos dizer que nada traz mais alegria. Você ver alguém que foi seu escoteiro e chefe contigo enfrentar este desafio é gratificante, pois mostra que todo o trabalho dispensado frutificou, tivemos a feliz sensação da colheita após o plantio. É como ver um filho se formar e ingressar na vida profissional.

          Incondicionalmente todos do Chama Farroupilha apoiaram o projeto com as facilidades da internet e telefonia celular. Mantivemos um contato quase diário durante meses, transferindo material, idéias e atendendo as solicitações do Lucas Meister.

          Naturalmente, e depois oficialmente, o Chama Farroupilha se tornou padrinho deste novo grupo que chama-se “Caiboathe 335 RS”, obedecendo a grafia antiga e a pronuncia indígena. O lenço foi desenhado pelo então pioneiro Elvis Sarmento Silva e o Brasão pelo chefe Dabil, inspirados no brasão e cores do município. Também participamos muito palpitando o nome, para ajudar a comunidade local. Com o objetivo de homenagear o Chama Farroupilha, Lucas escolhe como data de fundação do Grupo Escoteiro Caiboathe a mesma data do Chama Farroupilha, 1º. de maio.

          Organizamos uma grande excursão para realizar a cerimônia de fundação e levamos praticamente todo o grupo. Saímos de Triunfo na sexta-feira, 30 de abril de 2010, próximo das 23 horas e viajamos em um ônibus muito confortável durante toda a noite, enfrentando uma cerração muito espessa. Ao clarear do dia estávamos em Caibaté, onde acampamos em um educandário no centro da cidade, que abriga o grupo escoteiro. A noite, realizamos o cerimonial de fundação do grupo que foi inteiramente concebido por nós e desenvolvido pelo Chama Farroupilha, iniciando com a troca de lenço do Chefe Lucas. Havia muitas autoridades locais presentes, o Comissário Distrital, chefe Alberto Stochero e a atual Conselheira do Conselho de Administração Nacional, Cristine Bohrer Ritt.

          Para proteger e abençoar o novo grupo, por sugestão do Chefe José Carlos Krause Lopes, oferecemos uma imagem de São Jorge, padroeiro do escotismo. Recebemos de presente uma elegante placa de agradecimento de nossos afilhados, que está orgulhosamente exposta em nosso armário de troféus.

 

 

Parte dos escoteiros presentes a fundação do Caiboathe, no dia seguinte da cerimônia

 

          Aproveitamos a viagem para conhecer o Santuário dos Três Mártires no Caaró, local de peregrinação católica, o município de Mato Queimado, onde fomos recebidos pelo prefeito municipal e as ruínas da Redução Jesuítica de São Miguel Arcanjo, em São Miguel das Missões, patrimônio mundial pela UNESCO, desde 1983.

 

 

 

Grupo Escoteiro Chama Farroupilha visitando as ruínas das Missões Jesuíticas em 2010.

 

A construção da sede

A construção da sede

            Um dos objetivos deste blog é manter preservada e acessível a todos a memória do Grupo Escoteiro Chama Farroupilha, que já conta 26 anos. De outra forma, a questão de uma sede própria para o grupo escoteiro é uma questão recorrente e que pode gerar muitos problemas, todavia a sua existência só traz benefícios, assim, compartilhamos a nossa experiência.

            Algumas histórias não podem ser confirmadas, perdem-se no tempo ou vão passando de boca em boca e isto pode fazer com que elas sofram alterações. A história sobre a aquisição dos terrenos envolve dois momentos diferentes. O primeiro foi o dinheiro conseguido com o lucro da venda de biscoitos escoteiros, que eram fornecidos pela Região Escoteira na década de 1980, dentro de um projeto financeiro de estruturação dos grupos do estado. Eram buscados em Porto Alegre pelo Akelá e um dos fundadores do grupo, Achiles Goldani Netto e vendidos pelos próprios escoteiros em Triunfo.

Como não foi suficiente para a compra de dois terrenos no centro da cidade, houve um segundo momento. Assim, o que sabemos é que o Silvio Machado Felten, o Sivica, infelizmente já falecido, era o Diretor-Presidente da Comissão Executiva no Grupo, nos idos de mil novecentos e oitenta e oito, quando a cidade de Triunfo iniciava seu mais recente ciclo de riqueza, desta vez gerado pelo III Pólo Petroquímico.

            Era um período de muitas obras por todo o município com construção de praças, da Câmara de Vereadores, do ginásio de esportes, abertura de estradas, etc. Por alguma razão qualquer o prefeito viajou (na época era o Sr. Osmar Vargas da Silva) e não havia vice-prefeito porque um trágico acidente de trânsito vitimou o Sr. Henrique Agildo da Silva, que era o prefeito eleito, antes de sua posse. Então, quem assumiu o município durante um afastamento temporário do seu Osmar foi o presidente da Câmara de Vereadores, Auro Lima de Souza.

            Durante este curto período de tempo de apenas uma semana e com tratativas ainda mais breves, o Chefe Goldani realizou a intermediação necessária para a obtenção, através da ajuda do prefeito interino, da doação do valor faltante para a aquisição dos dois terrenos pela Construtora RTS. Foram devidamente escriturados em nome do Grupo de Escoteiros, e assim permanecem até hoje.

            Naquela época, os terrenos foram adquiridos em um loteamento que recém estava sendo aberto, nem calçamento havia nas ruas, embora a apenas cinco quadras da rua principal da cidade. Passaram-se poucos anos e hoje a sede localiza-se em uma das áreas mais valorizadas da cidade, a poucas quadras do centro e em uma de suas partes mais altas, com vista para o rio Jacuí. A escritura número 8520 é de 19 de julho de 1988.

            Bom, as reuniões passaram a ser realizadas, então, na nossa propriedade. A rua fazia pouco havia sido aberta, sem calçamento e os terrenos eram apenas um capão de mato nativo, sem vizinhos.

            Pouco tempo após os terrenos serem comprados, os pais fizeram um mutirão e elevaram o esqueleto de um galpão, o qual até hoje serve de estrutura para a sede, e colocaram o telhado. Não havia paredes. Era neste ambiente que a partir de 1989 fazíamos a maioria das nossas reuniões, em um telheiro dentro de um capão de mato, porque embora estivéssemos no centro de Triunfo, não tínhamos vizinhos por ser um loteamento novo que há pouco tempo era uma chácara.

Aspecto do início da construção do galpão, observe que a rua Vereador Adão Tavares da Silva não estava calçada. Ao fundo, à direita, está a Paineira próximo a sede e que pode ser vista da cidade de São Jerônimo.

            Cada reunião gerava uma quantidade infindável de trabalho, pois tudo tinha que ser muito bem planejado e carregado de casa para que o programa funcionasse adequadamente. Se uma simples caixa de fósforos fosse esquecida, isto poderia arruinar todo o programa. E nada pode ser mais triste ou perigoso do que uma tropa motivada sem ter o que fazer. As inscrições eram preenchidas em uma prancheta e conversávamos com os pais em pé pois não havia cadeiras ou bancos.

            Os monitores continuavam guardando as caixas de patrulha e todo o material de acampamento de suas patrulhas em suas próprias casas. Desnecessário dizer quanto material foi perdido neste período e a trabalheira que era sair para um acampamento pois o material tinha que ser recolhido de casa em casa ou levado até o Posto de Gasolina do Sivica, tradicional ponto de encontro do Grupo Escoteiro durante os anos que não havia sede, na esquina da Rua Luiz Barreto com a Professor Coelho de Souza.

            Após algumas articulações, conseguimos levantar meias paredes de tijolos em toda a volta do prédio, o restante das paredes seria de costaneiras, conseguidas com a CEEE, na Granja Carola, pelo Diretor-Presidente Sérgio Odorizi. Nunca conseguimos finalizar este projeto e com o passar do tempo, as madeiras foram desaparecendo até que um dia a pilha não existia mais.

            Havia uma combinação obrigatória e óbvia com os jovens: Se chover, não tem reunião. O hasteamento da bandeira era realizado em um galho de árvore porque não tínhamos mastro.

            O tempo passou, após alguns meses foi eleito para prefeito de Triunfo o Sr. Francisco Lineu Schardong. De início, mostrou uma verdadeira disposição em ajudar o grupo escoteiro, mas havia a necessidade de um caminho legal para que isto fosse feito. Na época, o Procurador do município era o Dr. Jaime Adair Garcia com quem tivemos incontáveis e proveitosos encontros na Prefeitura Municipal.

            Enfim, surgiu uma luz. Quando da elaboração da Lei Orgânica do Município, o Chefe Saulo Ernani Radin conseguiu a inclusão de um artigo prevendo o auxílio do município ao grupo escoteiro. O artigo 227 diz que os órgãos de educação e cultura do município poderão auxiliar o movimento. Desta forma, havia o amparo mas não havia de onde sair a verba.

            Novas rodadas de tratativas, a Sra. Sílvia Helena Roth Volkweis era Assessora de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e a Secretária de Educação era a profa. Nara Pereira da Rosa que abraçou a causa e forneceu, através de sua secretaria e com esta intermediação, a verba necessária para a construção do prédio.

            Finalmente, todos os retalhos da colcha foram costurados. Um cronograma físico-financeiro foi elaborado e o Goldani novamente tem um papel de destaque, acompanhando toda a execução da obra. Inclusive, muitas coisas da sede como a escada para o canto sênior, o mastro e o calçadão em torno da sede foram concebidos pelo Goldani. Quem venceu a concorrência e executou a obra foi o Sr. Zeno Souza Peixoto.

            As obras estavam prontas para serem iniciadas e o Presidente, Sérgio Odorizi ainda negociava com a Corsan e CEEE. Então, nossos vizinhos, o Sr. Paulo Leandro Flores, ex-chefe deste grupo, cedeu a água passando uma mangueira para o terreno e o Sr. Júlio C. Oliveira cedeu a energia elétrica passando um fio de extensão, ambos pelo meio da rua porque são vizinhos de frente da sede do grupo. Graças a generosidade destas duas pessoas que não houve atraso na execução da obra.

            A tão esperada inauguração aconteceu no dia 24 de junho de 1995, contou com a presença do Prefeito Municipal, da Secretária de Educação e da Assessora de Turismo e Cultura, já nominados. O Diretor Regional de Escotismo, Sr. Nelson Zepka Senna e o chefe Ernani Claire Valente Rodrigues estiveram presentes, assim como o Grupo Escoteiro Baependi completo sob a liderança do chefe Ronei Castilhos da Silva, o Grupo Jacuí, nosso padrinho, e o Grupo Inhanduí.

            A trilha sonora foi executada ao vivo, a cargo de Gildo Campos e do maestro Célio Franco, houve chuva e a cerimônia foi realizada dentro da sede, seguida de um coquetel. Dispensável dizer a alegria que este dia representou, uma sede própria, grande, nova e que sonhávamos há 10 anos!

            O primeiro acantonamento na sede ocorreu em 1º. e 2 de julho de 1995, já no final de semana seguinte a inauguração, tamanha era nossa ansiedade e chamou-se PAS (Primeiro Acantonamento na Sede), com quatorze escoteiros presentes. Todavia, a primeira cerimônia no interior da sede ocorreu alguns dias antes da conclusão da obra e foi uma Investidura Sênior, coordenada pelo chefe Saulo em 15 de junho de 1995, estando presentes sete seniores da Patrulha Botocudos Pancas, tendo como monitor Geleovir Freitas e submonitor Elzo Giacomelli Júnior, com a presença do chefe Maurício Volkweis que tirou fotos registrando este momento histórico.

 

Ao fundo Chefe Saulo realizando a primeira cerimônia na nova sede, em 15 de junho de 1995.

            A área na frente e a outra nos fundos do prédio, bem como o cercamento com telas dos terrenos foram realizados somente em 2009, na administração dos Diretores Carlos Henrique Dias, Zorika Tavares Schubert e Fábio Hausen Pereira.

            Assim construímos nosso patrimônio que requer manutenção e melhorias constantes mas que proporciona um prazer imenso aos jovens que reconhecem a “sede” como sua outra casa, proporcionando uma convivência muito prazerosa.