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Escoteiro de carteirinha
Apresentamos o documento de identificação escoteiro da Federação de Escoteiros do Brasil. O documento é de 1934.
Ao abrir o documento, havia no interior uma grande folha, dobrada em quatro partes, para caber dentro da capa. A frente desta folha era destinada aos dados de identificação.
O Jovem Arnaldo Itamato, associado 283, pertencia a Associação Escoteiros de São Vicente de Paulo, na rua Mem de Sá 271, no Rio de Janeiro. Além de fotografia com carimbo sobreposto, há filiação, naturalidade, data de ingresso no movimento e local para endereço residencial.
O verso da folha servia para registro da vida escoteira e do desenvolvimento físico do jovem, incluindo atividades, progressões, especialidades, etc., embora esta esteja em branco. Uma verdadeira Ficha 120 portátil, porque ficava junto ao documento de identificação, de posse do jovem. O precursor do Sigue – Paxtu!
Rio de Janeiro, 1919 – Primórdios do Escotismo
Outro conjunto de fotografias antigas de escoteiros do Rio de Janeiro foi incluído em nossa coleção. O primeiro set de imagens de escoteiros do Rio está em https://chamaescoteira.wordpress.com/2017/03/20/75-rj-do-ar-baden-powell-la-em-1939/
Desta vez, são apenas 4 fotos, pequenas, com 5,5 x 8 cm cada uma e algumas com anotações no verso, que são pistas para a história.
A pesquisa está em aberto, não temos conclusões sobre estas imagens, qualquer contribuição ou ajuda na identificação destes escoteiros e de sua história é bem-vinda e será adicionada neste post com o devido crédito pela informação.
Aparentemente, um retratista foi chamado para registrar alguns momentos de um jovem escoteiro chamado José Luiz Goyano, com seus chefes e tropa, conforme veremos a seguir.
Pesquisando o nome, encontramos o Almirante José Luiz de Araújo Goyano, que teve seus direitos políticos cassados durante o regime militar nos anos 1960 e que poderia ter idade para ser a mesma pessoa, contudo não conseguimos confirmar a hipótese.
A primeira delas mostra um escoteiro devidamente uniformizado, posando para a foto, garbosamente perfilado. Apesar do uniforme escoteiro com chapéu, cinto, lenço, bastão e perneiras, não há distintivos nem anel de lenço. Parece estar em frente a um muro, que serve de fundo também para outras fotos. Nesta foto não há nada registrado no verso.
Outra das fotos mostra o jovem junto com um adulto, certamente um chefe escoteiro, de gravata, com uniforme um pouco diferente. No verso desta foto aparece escrito discretamente a lápis o nome “José Luiz Escoteiro”. No pé da folha aparecem parte de inscrições que parecem terem sido cortadas, como que para a foto caber em algo.
No verso desta foto com o jovem de perfil, está escrito com nanquim: “José Luiz Goyano, A? dos escoteiros, de Botafogo, 1919”, que aparece cortado. Supomos tratar-se novamente do nome do jovem, do local e do ano da foto.
A última foto mostra uma tropa reunida, com 26 pessoas na imagem, onde dois parecem ser os chefes. Em primeiro plano há dois jovens segurando bandeirolas que se cruzam, sob as quais está sentado um destes que aparenta ser chefe. Alguns dos jovens parecem ter um distintivo na manga esquerda do uniforme e muitos portam bastões.
No verso desta foto há inscrições com nanquim que trazem novamente o nome de José Luiz Goyano e um endereço: Rua Conde do Irajá, 134, Botafogo.
Getúlio Vargas no Ajuri Nacional
Quantos Ajuris Nacionais haviam sido realizados no Brasil, antes da adoção do termo Jamboree Nacional? Qual foi o primeiro? Ou qual o critério para contar os acampamentos nacionais realizados antes da escolha da palavra Ajuri? Este assunto já foi muito bem apresentado pelo Chefe Raoni Pinheiro e está disponível em http://scoutrek.blogspot.com.br/2010/11/ajuris-e-jamborees-nacionais-no-brasil_16.html
Todavia, a revista “Carioca”, na edição de 24 de junho de 1939, número 192, trás como matéria de capa o Ajuri Nacional dos Escoteiros realizado no Rio de Janeiro. Além da foto dos jovens perfilados com bandeiras, há um pequeno texto fazendo referência a reportagem e as páginas respectivas. Também chama a atenção, o preço em Réis, no canto superior direito.
Não fosse o fato do escotismo ser notícia positiva em linhas gerais na reportagem, o enfoque principal do texto é o Presidente Getúlio Vargas, destacando suas ações e ainda retratado em quase todas as fotos apresentadas, em atividades junto aos jovens. Também cita algumas pessoas presentes e destaca uma forte repercussão junto ao público. Mas o mais precioso talvez seja justamente o discurso proferido pelo Presidente, que está transcrito no texto da revista, elogiando e enaltecendo as qualidades e virtudes do escotismo para a formação dos jovens.
Presidente hasteando a Bandeira Nacional durante sua visita no evento.
Meninas presentes, infelizmente o texto não traz maiores descrições sobre a atividade em si, a rotina diária, os participantes e tantos outros detalhes de um grande acampamento como este, realizado na Quinta da Boa Vista.
Novamente o Presidente, agora aparentemente inspecionando um canto de patrulha.
Outras imagens de desfile, o que demonstra que o Presidente visitou o acampamento no dia da abertura oficial, o domingo que a chamada de capa faz referência, quando os contingentes devem ter desfilado.
Abaixo, encontra-se na íntegra o texto da publicação, com forte apelo cívico. Outro ponto que merece atenção, pois reflete o pouco entendimento da época, é a descrição junto ao título, que descreve os escoteiros como “os soldadinhos de Baden-Powell”.
Contudo, é inegável o grande prestígio do Escotismo, uma vez que o Presidente da República comparece e discursa na cerimônia de abertura do evento, um fato, sem dúvida, muito relevante. O Brasil vivia o período do Estado Novo (1937-1945), durante a realização deste acampamento, período da Ditadura Vargas, um dos períodos mais autoritários da história do país, e justamente este presidente todo poderoso participa de uma atividade escoteira.
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V Jamboree Nacional, presença do Chama Farroupilha
Durante os dias 15 a 20 de julho aconteceu no Rio de Janeiro o V Jamboree Nacional Escoteiro. Um grande acampamento de confraternização e muito aprendizado para os escoteiros do Brasil. Estiveram presentes aproximadamente 5000 pessoas, provenientes de todas as regiões do país, além de alguns representantes estrangeiros.
Ao longo destes dias, além de conhecer um pouco da Cidade Maravilhosa, os jovens puderam participar de muitas oficinas sobre temas variados destacando a sustentabilidade ambiental, compreensão das diferenças físicas e culturais, artesanato, diversas tecnologias, jogos da nossa gente e tantas outras.
O Grupo Escoteiro Chama Farroupilha 183 RS enviou um contingente de 29 pessoas, sua maior delegação para um jamboree, sendo que o grupo já participou de oito eventos desta natureza. Eram 18 escoteiros (jovens de 11 a 14 anos), 6 sêniores (jovens de 15 a 17 anos), 3 chefes nas tropas com os jovens e duas chefes na Equipe de Serviço do próprio Jamboree, contribuindo para a realização do evento.
Jamboree e Ajuri Nacionais
O V Jamboree Nacional está se aproximando e aumenta a expectativa e a ansiedade de todos em participar deste grande acampamento. Rever amizades distantes de outros jamborees e fazer novos amigos sempre é algo muito bacana e esperado.
Mas o Brasil realizou em 100 anos apenas 5 encontros nacionais? O primeiro Jamboree Nacional ocorreu em Navegantes, Santa Catarina em 1998. E antes disso ? Bom, antes os grandes acampamentos nacionais eram chamados de Ajuri Nacional, o primeiro aconteceu em 1957, comemorativo ao cinquentenário do escotismo e centenário de Baden-Powell, no Rio de Janeiro, embora outros regionais tenham sido realizados previamente. O último aconteceu de 19 a 25 de janeiro de 1990, no Parque Osório, em Tramandaí, Rio Grande do Sul, comemorativo aos 80 anos do escotismo no Brasil. Após, os Escoteiros do Brasil aderiram a nomenclatura internacional, usando o termo padrão, ou seja, Jamboree Nacional.
Segundo Francisco Floriano de Paula, na página 23 do guia Para Ser Escoteiro de 1º. Classe, “Ajuris são concentrações de tropas distritais, regionais ou nacionais, com o fim de confraternização ou em comemoração a qualquer data ou fato. A palavra é de origem tupi-guarani e significa mutirão, relacionada com a reunião de tribos ou famílias indígenas para a execução de certos trabalhos ou tarefas.”
Na edição de 1990, o Grupo Escoteiro Chama Farroupilha participou do V Ajuri Nacional com uma patrulha de escoteiros, duas de sêniores e quatro chefes.
Mas sem dúvida, o relato mais interessante dos Ajuris é o publicado no Relatório da Comissão Executiva do Rio Grande do Sul, em 1958. Uma descrição muito rica, que apresentamos digitalizada abaixo.
A primeira página que trata do assunto no relatório é dedicada exclusivamente a foto da delegação gaúcha, tirada no pórtico de entrada do acampamento, que ao que parece, era organizado de acordo com as delegações estaduais.
As duas páginas seguintes são dedicadas a um relatório bem minucioso sobre os detalhes da delegação, referências a rotina no campo e a organização do contingente. Há, também, conforme pode ser lido, agradecimentos a empresas que apoiaram o evento.
Abaixo, está a capa do relatório que trata de diversos assuntos referentes ao escotismo no estado do Rio Grande do Sul e não exclusivamente da participação no Ajuri Nacional.