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Dinheiro – Projetos e financiamentos escoteiros

     O site que hospeda o blog oferece várias ferramentas para gerenciamento da página, entre elas a contagem das expressões mais utilizadas em sites de busca que direcionaram as pessoas para o blog. Chama a atenção a quantidade de buscas realizadas com as expressões referentes a captação de recursos e financiamento de grupos escoteiros.

     Longe de ser um grupo escoteiro rico e trabalhando arduamente para a sua manutenção, o Chama Farroupilha tem algumas experiências interessantes. Apesar de estar inserido em um município com fama nacional de rico devido ao Pólo Petroquímico, esta não é a realidade da população local, que conta aproximadamente com 24 mil pessoas em todo o município, mas com um centro urbano pequeno. Não existe em Triunfo nenhum prédio com mais de três andares, o único elevador da cidade é no único hospital, embora a cidade tenha sido fundada em 1754. Ou seja, há fontes de renda escassas para entidades, que precisam ser garimpadas e divididas com outras.

     Apesar de tudo, somente o patrimônio imobiliário do grupo está avaliado em mais de 200 mil reais; conta a participação em 8 jamborees, tendo sido o maior contigente do Rio Grande do Sul para o Jamboree Mundial de 2007.

     Considerando estes fatos, serão partilhadas algumas experiências que o Chama Farroupilha desenvolve e que ajudam bastante, entendendo sempre que cada comunidade é diferente, que as realidades locais mudam, que nem tudo pode ser aplicado, mas pode ser melhorado ou aperfeiçoado, dependendo de cada contexto. Também nada é inédito, muito pouco do escrito aqui foi criado no Chama, são vivências  inspiradas em outros, com a prática adequada para a maneira como se conseguiu executar. Resultado do trabalho de diferentes diretorias ao longo dos anos e temos por princípio que chefes não assumem funções na diretoria, mesmo que tenham filhos nas seções, é uma tradição do grupo não misturar a área administrativa com a área técnica. Estas são apenas as experiências deste grupo expostas a todos, um banco de ideias:

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1 – Financiamento dos carentes: Primeiro um lembrete histórico, o Escotismo nasceu no auge do imperialismo inglês, durante o reinado da Rainha Victoria, portanto em um dos momentos mais ricos daquela nação. Para aqueles que sempre resgatam a memória de nosso fundador, lembrem-se que Baden-Powell era herói de guerra e ocupava o cargo de “Inspector-General of Cavalry” do exército britânico, obviamente com um soldo polposo correspondente a função. A família levava uma vida abastada, basta ler “Baden-Powell, A family Album”, escrito por Heather Baden-Powell (a filha do meio) para se ter noção do padrão de vida que levavam. Tudo isso para dizer que escotismo sempre foi caro, precisa de dinheiro como qualquer coisa no mundo atual.

     O grupo cobra uma anuidade considerada baixa (R$ 60,00) o que torna o fluxo de caixa bastante apertado se depender somente desta fonte de renda. Dessa forma, os carentes tem impacto direto no orçamento do grupo, da Região Escoteira e da Direção Nacional. Não existe almoço grátis. Assumimos que esta responsabilidade é do grupo escoteiro e pagamos a conta com a captação de padrinhos fora do grupo. Muitas destas pessoas desconhecem o jovem que estão ajudando. A diretoria identifica pessoas na comunidade que poderiam fornecer este auxílio, fazem o convite e passam a cobrar diretamente deles as despesas dos jovens, que também desconhecem seus benfeitores.

     Usa-se esta ferramenta no cotidiano, mas para atividades especiais também. Para o jamboree nacional de 2012, por exemplo, a delegação do Chama Farroupilha era composta de 29 pessoas, das quais três (portanto, 10% do contingente) eram apadrinhados, um deles morador da casa-lar e sob tutela do Estado.

2 – Rede de antigos escoteiros: Esta é a principal rede de contatos que o grupo mantém. Ainda não conseguimos fundar um Clube da Flor da Lís para os antigos escoteiros. Portanto, funciona de forma informal, onde os chefes mais velhos identificam os antigos escoteiros do grupo que estão inseridos na comunidade. A diretoria sempre os procura com uma proposta concreta, um fim específico. Pode ser a adoção de um carente, um item determinado de material ou custo de mão-de-obra para a sede, alguma falta de material de acampamento, subsidiar o transporte de alguma seção, enfim, variadas necessidades.

     Em outros casos, a colaboração não é financeira. Alguns ajudam trabalhando nos eventos do grupo mais ativamente que alguns pais, ministram palestras aos jovens dentro de sua área de conhecimento, realizam transporte de materiais em seus caminhões, camionetes, etc.

      Mas por uma questão de transparência, sempre a pedida deve ter um fim específico, bem definido e quando for dinheiro, também o valor explicitado. Quem ajuda sabe para o quê está contribuindo, especificamente.

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3 – Rede de simpatizantes não-escoteiros: Funcionando nos mesmos moldes dos simpatizantes que são antigos escoteiros, muitas pessoas não participaram do movimento escoteiro como membros juvenis mas gostariam de colaborar de alguma forma, que não fosse na chefia. Também se busca captar estas pessoas, mas trabalhando com um conceito mais ampliado. Outras estruturas da sociedade que podem ser parceiras também são buscadas. Neste sentido, temos como grandes parceiros os jornais locais onde já escrevemos as notícias e sugestões de pauta, enviando-as formatadas (não gerar mais trabalho para quem já está ajudando também é importante); o Ministério Público, que sempre apoia o grupo; a Câmara de Vereadores, que em várias oportunidades reconhece o trabalho do escotismo. Os Bancos, com agências em Triunfo, também colaboram.

     Estes dois últimos grupos, antigos escoteiros e simpatizantes não-escoteiros, formam a principal rede de contatos que o grupo mantém. Muitas vezes, estas pessoas atuam emprestando seu prestígio pessoal em favor do grupo, simplesmente realizando a intermediação necessária para que o Escotismo seja apresentado aos interessados.

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4 – Pais presentes – Comprometemos os pais na inscrição no grupo, que é feita pela diretoria e não pelos chefes, pois são também pais dos jovens, conversando de igual para igual. Mesmo assim, ainda se tem muito o que progredir neste campo.

     Os chefes, ao longo do tempo, informam e destacam aos jovens a importância da Assembléia de Grupo, e o estatuto do Chama Farroupilha contempla um representante jovem de cada seção na Assembléia, com direito a voz e voto, escolhido democraticamente em cada seção, para participar da Assembléia. Sem impacto real no processo de votação, pois muitos argumentariam isso, subestimando o voto dos jovens, é um exercício de compromisso e envolvimento com as grandes questões do grupo.

     Na mesma linha de raciocínio, informa-se aos pais a importância das Assembléias Regionais e Nacionais, estimulando suas candidaturas como delegados do grupo ou simplesmente assistindo aos encontros, explicando que é de graça, não tem custos de inscrição (Congressos sim, Assembléias não) e que não reclamem pelos cantos ou em mídias sociais pois certamente as pessoas a quem se dirigem os comentários nunca os lerão, servirá somente para fomentar fofocas com terceiros. Por isso devem usar os vários canais disponíveis para comunicação. Estar comprometido estando fisicamente presente é algo que o Chama Farroupilha passou a praticar. Dessa forma, com conversas diretas, pessoais, nos canais corretos, com os representantes de direito, minimizamos as discordâncias por mal-entendimentos e potencializamos nossos resultados.

Chama Farroupilha na Assembleia Regional 2013

Chama Farroupilha na Assembleia Regional 2013

5 – Acreditação – Concorrer a todos os prêmios e trófeus que se puder, assim como documentos oficiais de reconhecimento, a exemplo da Declaração de Utilidade Pública Municipal. Por seis anos consecutivos o grupo conquista o Troféu Grupo Padrão no nível Ouro, já participou do Prêmio Aurélio Azevedo Marques, assim como do Concurso de Fotografias em três edições. Muteco e Mutcom também rendem certificações. Distintivos de Recrutador motivam os jovens, devem sempres ser solicitados.

     Tudo isso é de graça (nada é de graça, está pago pelo Registro Escoteiro, já pagamos por estas atividades), basta participar organizando localmente os eventos. Há muitas facetas disto, talvez a maior seja a mobilização de várias pessoas em torno de um objetivo comum, fortalecendo os laços de compromisso. Também produzem inserções na mídia, por participar, por ser premiado, etc. Uma visibilidade sempre necessária.

     Outra contrapartida muito importante é que essa titulação vai formando um currículo para o Grupo Escoteiro, que serve para apresentá-lo a futuros colaboradores, novos membros e demonstrar a comunidade que o grupo está trabalhando seriamente e não apenas de forma recreativa.

     É sempre mais fácil conseguir o apoio das pessoas se você consegue provar que tem uma longa trajetória de trabalho, que não se trata de nenhum aventureiro, uma vez que o próprio escotismo é centenário.

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6 – Eventos típicos – Um evento que se torna tradicional no grupo, promovido para a comunidade ter a oportunidade de participar, feito com cada vez mais excelência e com frequência regular mas não muito próximos, tornam-se muito lucrativos. O maior exemplo é o Bazar do Caramuru (SP), um mega evento cuidadosamente preparado. O Grupo Escoteiro Jean de Lery (RS) realiza o Frangotó. Há muitas maneiras.

     Obviamente, isto depende do gosto local. A fórmula do Chama Farroupilha, inspirada nos times de futebol amador de Triunfo, é a realização de galetos. Já utilizamos diversos sistemas, iniciados em 1995, desde servir na sede no estilo galeteria, até somente “take-away”, só para levar para casa, passando por todas as combinações possíveis, inclusive com entrega domiciliar, já que Triunfo é pequeno e havia muitos pais voluntários. Executados na sede do grupo, em salões emprestados e até em praça pública. Com bom planejamento para não haver sobras, escolha minuciosa da data e empenho na venda dos galetos, o lucro é garantido. Mas tem que ser sempre muito bem preparado ou no próximo não haverá interessados. Desnecessário dizer que em todos os exemplos citados, todo o grupo precisa se envolver, nunca é um evento que poucas pessoas executam.

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7 – Apoio a outras entidades – Uma mão lava a outra. Além de nossa obrigação de ajudar o próximo, praticar o servir, uma boa relação com as demais entidades e associações, promovendo o apoio mútuo, participando das promoções dos demais, retribuindo as gentilezas, sempre resulta em benefícios recíprocos. Não é uma referência ao serviço comunitário, isto é outra coisa e não está no escopo deste texto. Não somente comprar ingressos das promoções, mas também emprestar materiais, motivar as pessoas do grupo para participarem trabalhando, inserir-se em comissões, entre outras ações.

     Alguns dos parceiros do Chama Farroupilha são a APAE, a Religião Católica, a Religião Testemunhas de Jeová, o CTG Galpão de Campanha, a Boutique Girassol, o Clube Cantareira e a Loja Maçônica Triumpho do Direito. Em muitas situações, a relação não envolve propriamente dinheiro, mas a facilidade nos meios para obtê-los, criando melhores condições para execução das atividades.

8 – Livro – Financiamento Colaborativo – Escrever a história do grupo com a publicação de um livro também foi uma experiência muito boa, pois perpetuou a trajetória do Chama Farroupilha e acabou também gerando receita. Muitos grupos já tiveram esta experiência. Nos deparamos com o custo de impressão, quando lançamos o projeto através de um site de financiamento colaborativo, que serve para qualquer projeto, não somente livros e foi um sucesso, arrecadando mais de 100% do valor proposto. Uma vez o livro impresso, ele já estava pago. Após o lançamento, o grupo passou a vender os exemplares, resultando em renda direta para o grupo.

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9 – Outdoor – Ideia de um dos antigos escoteiros do Chama, hoje empresário, que sugeriu a execução de um outdoor na entrada da cidade com anúncio das empresas que apoiam ou simpatizam com o escotismo. Os espaços foram vendidos a preços altos, significando um excelente lucro para o Grupo Escoteiro. Quase todos os anúncios foram adquiridos também por antigos escoteiros ou pais que atualmente tem seus filhos no grupo, sendo publicadas as logomarcas das empresas ou negócios de cada um. Não houve propaganda para a compra de espaços, o trabalho foi realizado através de contato pessoal direto entre a diretoria e os possíveis interessados, sendo, portanto, uma venda direcionada aqueles colaboradores em potencial.

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10 – Inovação – Apresentar e aceitar propostas inovadoras também pode produzir bons reflexos, como a ideia proposta por um ex-Diretor-Presidente do grupo, de na reforma da sede ser utilizado como telha, placas de borracha que são descarte da indústria. Algo inusitado e que se mostrou muito interessante. As placas foram todas doadas, teríamos o custo exclusivamente do frete, que também foi doado, e teremos em breve um telhado que retirou grande quantidade deste material da natureza pois seu descarte é complexo. Com efeito térmico no ambiente interno e resistente ao granizo, apresenta um visual muito alegre.

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11 – Exposição sistemática do grupo, apareça sem ser convidado – Tornar o grupo conhecido mostrou-se obrigatório para receber aceitação nos eventos promovidos pelo grupo e na captação de recursos. Dessa forma, se procura estar presente em todos os eventos públicos que acontecem na cidade. Dificilmente muitas pessoas podem ser mobilizadas em dias de semana, mas com certeza, alguns podem, de maneira que uma representação sempre estará presente. Melhor ainda que sejam pessoas diferentes, pois mostra que não são sempre os mesmos, que há muitas pessoas ligadas ao grupo.

     Realiza-se busca ativa destes eventos, não esperando convites oficiais para estar presente ou visitando, por exemplo, a Feira do Livro, a Feira do Peixe, as Horas Cívicas, as festividades da Semana Farroupilha, as Sessões Solenes da Câmara de Vereadores e tantas outras oportunidades. Foi assumido que não aceitariamos ouvir na comunidade a famosa frase: “- Não sabia que havia escoteiros aqui”. Mas para isso é preciso movimento, sempre alguém tem que estar aparecendo de uniforme.

     Da mesma maneira, a exposição das pessoas envolvidas com o grupo é igualmente importante, pois a comunidade pode reconhecer a cara do movimento escoteiro em qualquer oportunidade. Novamente, aqui o ganho financeiro para o grupo não é direto, mas sim em construir uma relação de confiança e credibilidade com a sociedade onde está inserido.

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     Estas poucas experiências já renderam um post excessivamente longo, mas sentimos um certo orgulho destas iniciativas, pois são importantes para o crescimento do Chama Farroupilha, consequentemente do escotismo, uma vez que somos um movimento único, e por isto as compartilhamos. Há um ponto em comum entre todas, estão ancoradas na comunidade.

O Clã Pioneiro - base de trabalho importante para captação de recursos

O Clã Pioneiro – base de trabalho importante para captação de recursos

Sede do Chama Farroupilha sendo concluída

As obras de reforma da sede do Grupo Escoteiro Chama Farroupilha estão entrando em sua fase final.

O telhado está quase concluído, resta a área da fachada e as divisórias internas do novo andar, além da nova instalação elétrica.

Este telhado feito com as placas de borracha, resistentes a 800 graus Celsius, parece uma calçada, permite caminhar livremente sobre ele.

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Batizado do Peter

Baden-Powell e Olave tiveram 3 filhos, um homem e duas mulheres:

ARTHUR ROBERT PETER  BADEN-POWELL nasceu em 13 de outubro de 1913, em Ewhurst, Sussex County, e morreu de leucemia em 10 de dezembro de 1962. Ficou conhecido por Peter e B-P escolheu este nome em homenagem ao personagem Peter Pan, de quem era fã confesso. Peter foi batizado em 14 de fevereiro de 1914 na St Peter’s Church, em Parkstone, Dorset. Foi muito ativo como escoteiro, tornou-se o 2nd Baron of Gilwell, herdando o título de seu pai.

HEATHER GRACE BADEN-POWELL, nasceu em 01 de junho de 1915, em Ewhurst, Sussex County. Faleceu em 21 de maio de 1986. É a autora do interesantíssimo livro “Baden-Powell, A family Album”, que descreve o cotidiano desta família, com muitas fotos, sob o ponto de vista de uma das filhas, o seu próprio. Estamos preparando para o futuro uma resenha sobre este livro.

BETTY ST. CLAIR BADEN-POWELL, nascida em 16 de abril de 1917, em Ewhurst Place, Sussex County. Faleceu em 24 de abril de 2004.

Abaixo, temos a imagem do batizado de Peter, quando a família chegava a igreja, com o bebê sendo carregado pela nanny. O casal escoteiramente vestido, com Misses Olave portando a Cruz Suástica de agradecimento no lado esquerdo do peito e B-P usando suas condecorações.

A guarda de honra de escoteiros é formada pelo 1st Parkstone Scout Group, que já havia servido de guarda de honra para o casamento de B-P e Olave Soames. Este grupo escoteiro foi fundado em 1908 e tinha como integrantes alguns jovens que haviam participado do acampamento de Brownsea.

BP batizado blog

No verso da foto, há muitas anotações e carimbos, difíceis de serem precisados. Um é a data de 12 de março de 1914, um mês após o batizado. Outro é um número (686); Outro um endereço de Nova York (esta imagem foi procedente dos Estados Unidos, mas do estado da Califórnia), e alguns outros carimbos indefiníveis. Em um ponto do verso, está levemente pegajosa, denunciando que esteve fixada em algum álbum ou cartaz.

BP batizado verso

Registro muito importante de um evento da vida familiar, como o batizado de um filho, demonstra, ainda, o espaço e relevância que o escotismo ocupava no cotidiano da família Baden-Powell.