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Imagens da Revista Jamboree

 

Nos primeiros 20 anos de sua existência, a revista Jamboree era bilingue, sendo publicada em inglês e francês, as línguas oficiais da Conferência Internacional. Havia também um encarte ilustrado que era especialmente útil para decorar quadros de avisos em sedes escoteiras ou cantos de patrulha.

A organização do periódico e das contribuições de correspondentes ao redor do mundo era uma das funções originais do Diretor do Bureau.

Publicação trimestral, era um grande stress para os funcionários do Bureau, contava com muitos voluntários para as traduções e era difícil manter suas notícias atualizadas. Todavia era um importante meio de conexão e de divulgação de informação e ideias. B-P era um frequente colaborador.

Em julho de 1940, durante a Segunda Grande Guerra, os conteúdos foram cortados drasticamente devido a falta de papel e pela mesma razão o primeiro número de 1941 foi publicado somente em inglês. A diminuição continuou e em 1942, o primeiro número apareceu como um folheto de quatro páginas que foi distribuído de graça para aqueles países e antigos assinantes onde a correspondência ainda era mantida, não importando quanto tempo levasse.

Em 1945 o Comitê Internacional não se reunia há seis anos e o encontro ocorreu em Londres nos dias 14 e 15 de novembro. Havia muitos assuntos importantes a tratar e entre eles, o futuro da publicação. O Comitê decidiu publicar uma nova série da Jamboree, agora mensalmente, o primeiro número aparecendo em maio de 1946, com o subtítulo de Journal of World Scouting e tendo como editor E.E. Reynolds. A ideia de uma publicação bilingüe foi abandonada por questões financeiras, embora ocasionalmente artigos e notícias aparecessem em francês.

 

 

capa revista

Nessa nova série, as páginas centrais eram ocupadas com muitas ilustrações do escotismo ao redor do mundo. Imagens sensacionais que retratam nosso movimento.

São apresentadas aqui imagens selecionadas de três números desse primeiro ano da mudança, correspondendo ao volume I, números 5, 6 e 7 de 1946.

Abaixo, uma imagem da patrulha Pato, uma homenagem de Walt Disney ao escotismo.

donald duck

Gravura desenhada pelo próprio Baden-Powell, ilustrando a revista.

cartoon bp

O próprio Baden-Powell retratado.

bp better olympia

Uma das contribuições mais interessantes nessa revista são as imagens dos dois primeiros Jamborees Mundiais. Abaixo, um cartunista representa várias atividades do primeiro Jamboree.

cartoon jamboree olympia

Foto de uma cadeia da fraternidade no Jamboree de Olympia com um representante de cada país presente.

cadeia frat olympia

Acampamento Nacional da Suécia, com imagem de escoteiros de diferentes nacionalidades.

boys scouts

Baden-Powell na Áustria, em 1931, em uma conversa muito animada!

bp e cardeal

Escoteiros nos alpes suíços.

alpes

Outra série de imagens muito interessante é a do 2° Jamboree Mundial, em 1924, na Dinamarca, com aspectos da montagem do campo.

2 jamboree 1924 americanos

Vista aérea do Jamboree, sem dúvida já um grande evento, havia pouco mais de 4.500 participantes.

2 jamboree 1924

Quantos fósforos ele usará?

fofi

Vista do campo dinamarquês em Ermeluden, local de realização do 2° Jamboree.

danish camp

 

Em 1955 outra mudança ocorreu e a revista World Scouting foi publicada em um novo formato, como uma sequência da Jamboree (1920-1954).

Fonte: Scouting Round the World, Wilson, John S., Blandford Press, London, 150 p., 1959.

 

 

 

B-P, Um álbum de família

Baden-Powell, A family album, Heather Baden-Powell, Sutton Publishing, 193 p., 2007. Primeira edição publicada em 1986.

Escrito pela filha do meio de B-P e Olave, este livro trás um relato muito interessante do cotidiano da família, destacando muitos aspectos da vida familiar, de forma detalhada e muito romântica.

Facilmente adquirível pelo e-bay, com um custo inferior a R$ 40,00, incluindo as despesas postais. Destacam-se alguns pontos muito interessantes, sendo amplamente ilustrado, embora sem a mesma qualidade das fotos presentes na biografia “Baden-Powell”, de Tim Jeal.

A despeito de toda a polêmica brasileira e para aqueles que invocam a “tradição do escotismo”, Heather Baden-Powell escreve na pg 108, 3°. parágrafo, quando descreve uniformes escoteiros de outro país, observados em 1935 (porém este livro foi escrito em 1986, o que reforça a longevidade da opinião), por ela, Baden-Powell, Olave e sua irmã Betty: “Uniforms – no matter where in the world – most constantly change with the times.” Ou seja, “Uniformes – não importa onde no mundo – devem constantemente mudar com os tempos” (tradução livre). Pode haver tradição maior que a reflexão e a opinião de Baden-Powell e sua filha durante uma longa viagem por diversos países, toda direcionada ao escotismo?

O texto segue descrevendo de forma cronológica, ano a ano, a vida cotidiana. Refere a mudança por duas casas alugadas, Ewhurst Place e Little Mynthurst até a aquisição de Pax Hill, onde B-P morou de 1918 até 1938.

ombros

B-P com Heather nos ombros

A montagem de um grande grupo de funcionários liderados por Mrs Wade e como Olave administrava todos com orientações sempre datilografadas. Assim como B-P ditava o livro Lições da Escola da Vida para ela datilografar, durante uma viagem de navio para a Austrália, em 1931.

O hábito de dormir na sacada do quarto de Olave, inverno e verão, pois dizia que dormir dentro de casa o deixaria gripado. Executava sua rotina matinal de exercícios muito cedo, descia para o escritório para escrever ou estudar, onde havia uma maçã esperando por ele. Após aproximadamente duas horas de trabalho, subia novamente para o chá com Olave, antes do café da manhã, que seria perto das 8 horas.

O burro indirigível e indiferente ao freio e as rédeas, chamava-se Nellie, engordou tanto que virou Barrel, e derrubou Heather, resultando em fratura do cotovelo esquerdo.

As histórias dos cavalos, particularmente Black Prince (também apelidado B-P), montado por Baden-Powell pela última vez em 1911, junto com Rei George V, para visitarem o Rally Escoteiro em Windsor. Foi, então, oferecido a Lucy Kemp-Welch, artista de cavalos para servir de modelo e dez anos depois retornou, agora para Pax Hill, para ensinar as crianças a cavalgar. Formou-se um trio, que além de Barrel, incluia Toppy, outro cavalo. A afirmação frequente de B-P que para ser um bom cavaleiro é preciso cair pelo menos 80 vezes também é citada.

Descreve outras frases e particularidades do B-P:

“Nada é impossível, exceto por a pasta de dente de volta no tubo.”

“Nada é seu até que você tenha agradecido.”

Janelas da Pax Hill alteradas até o chão nos quartos, para apreciar a rua deitado nas camas.

O cuidado de guardar os selos da vasta correspondência recebida.

O costume de dar nome aos objetos, fossem carros, barracas, utensílios, etc.

O raro uso do telefone, e o número de Pax era “Bentley 8”.

A participação como membro hereditário da Worshipful Company of Mercers, fundada em 1394.

cavalhada

irmaos a cavalo

Os três irmãos a cavalo.

carro

camping

dance

Aulas de dança em Pax Hill

papa

B-P e Olave recebiam na propriedade para finais de semana, escoteiros de diferentes lugares, em grupos. Reunia, após 21 anos do acampamento de Brownsea, os participantes originais, que ainda se agrupavam nas suas patrulhas de origem, embora a Primeira Guerra Mundial houvesse provocado algumas baixas permanentes.

As narrativas das viagens em família por diversos destinos, como a África do Sul, Índia e pelo interior da Inglaterra com dois dos três carros da família, um deles puxando o trailer, apresentados todos juntos em uma das fotos acima.

A viagem para Kandersteg e o chalé que abrigava os trabalhadores do túnel Loetchberg e que estava abandonado desde a conclusão da obra. A fita inaugural foi oficialmente cortada por Misses Olave, e o prédio passou a ser chamado por todos de “Our Chalet”.

Como Olave organizou para 700 jovens uma viagem de navio por 3500 milhas por vários países europeus, hospedando-se em Ho-Ho, e a outra subsequente.

A grave internação cirúrgica que B-P sofreu no início de 1934, onde por mais de uma vez esteve em risco de vida e a sua gradual recuperação. Já no 4°. World Scout Jamboree, na Hungria, ele vinha apresentando sinais de cansaço e dificuldades que foram muito comentados pela imprensa, embora posteriormente tenha se recuperado amplamente.

A malária contraída na África em 1935 por B-P e Olave, durante uma longa viagem pelo continente quando estiveram em Nyeri (The Outspan Hotel) e iniciaram os planos de morar lá. E quando em 1937, ao completar 25 anos de casados, receberam de presente de Eric Walkers, o bangolô construído atrás do hotel para morarem (Paxtu). Foram inicialmente para uma temporada, voltaram a Inglaterra e novamente foram ao Quênia em outubro de 1938, planejando voltar na primavera de 1940.

O retorno a Mafeking com a família em 1936.

A importância da família real britânica para o desenvolvimento do escotismo.

A participação em seu último Jamboree em 1937, Holanda, o 5°. Jamboree Mundial.

O inicio da Segunda Guerra Mundial, quando Heather trabalhou como motorista voluntária e o passamento de B-P no Quênia.

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peter robert robert II

Da esquerda para a direita, o Segundo Barão de Gilwell, o Terceiro Barão de Gilwell e o Primeiro Barão de Gilwell.

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Robert Baden-Powell (o neto), 3°. Barão de Gilwell, no 22 World Scout Jamboree, Inglaterra, 2007. O bebê da foto acima.

Sem dúvida, uma excelente leitura sobre a intimidade desta família que influencia um número cada vez maior de pessoas, revelando muitos detalhes do início e crescimento do escotismo.

B-P na mídia

A revista britânica Weekly Illustrated, na sua edição de sábado, 29 de setembro de 1934, que recebeu o número 13 do volume 1, fez uma visita a família Baden-Powell em Pax Hill, sua morada em Bentley (Hampshire). Lord Baden-Powell estava com 77 anos na época das fotos, que foram tiradas um mês antes da família partir para uma longa viagem turística internacional.

As imagens são um deleite para aqueles que apreciam a história e a biografia de nosso fundador.

Reproduzimos a seguir algumas imagens desta publicação, começando pela foto da capa, onde a reportagem sobre B-P era justamente a matéria de capa e mostra ele examinando a boca de um leão que havia abatido em “Matabeleland”, conforme descrito no rodapé da página.

capa

A reportagem das páginas 4 e 5 traz muitas imagens e pouco texto, sendo uma matéria ilustrativa, como quase toda a edição. A revista tem um formato grande e por isso tantas fotos e de boa qualidade em apenas duas páginas.

Na foto abaixo, ele aparece na frente de sua casa, saindo para pescar, observado pela esposa Olave e pelas filhas Betty e Heather (vale lembrar que o casal teve 3 filhos, estando ausente nesta imagem Peter, o filho homem que se tornou o II Barão de Gilwell, com a morte do pai em 1941).

frente da casa

B-P e Olave sentados na varanda da casa, lendo as notícias matinais.

olave

B-P em seu escritório, escrevendo para o escotismo mundial. A legenda da foto revela o detalhe dele ser ambidestro, podendo escrever com as duas mãos.

cartas

Outra particularidade revelada é a de que mesmo em casa, ele prefiria habitar em contato com a natureza e frequentemente utilizava seu trailer para dormir.

caravan

A famosa coleção de bengalas, que atualmente tem alguns exemplares expostos no Museu de Gilwell Park, aqui com incontáveis exemplares. A legenda descreve que muitas foram presentes de associações escoteiras internacionais e B-P disse que estaria guardando-as para a sua velhice!

canes

Abaixo, Ste admira uma máquina filmadora que será utilizada para gravar uma mensagem a nação inglesa. As duas versões do video podem ser observadas em http://www.youtube.com/watch?v=xWqzBsY5t24 e em http://www.youtube.com/watch?v=tzwLtKMtPkE, esta última com o áudio atualizado.

camera

Sentado na varanda com os cães de guarda, que evitam visitantes indesejados.

cães

Troféu de guerra, a bandeira da libertação de Mafeking.

bandeira

Salário de Chefe

 

Moedas da Boa Ação

 

            Qual a maior satisfação de um chefe escoteiro? Qual o salário de um escotista? Muitos respondem que é o sorriso dos jovens com quem trabalhamos, mas hoje se pode afirmar com tranquilidade que esta é uma satisfação ou pagamento fugaz, é como se fosse a gorjeta que se recebe ao atender bem um cliente ou freguês, não é o pagamento verdadeiro.

 

            Atualmente acreditamos que nosso pagamento verdadeiro, o salário de carteira assinada com fundo de garantia, é olhar para trás depois de alguns anos e ver que rumo tomaram os jovens que foram nossos escoteiros, que caminho eles escolheram para suas próprias vidas depois que passaram por nossa influência.

 

            É o sucesso deles que expressa o nosso salário, o quanto trabalhamos bem ou quanto ainda podemos melhorar como chefes, como pessoas. Obviamente que o escotismo não é a única influência na vida destes indivíduos, logo não pode receber todos os louros da vitória daqueles que se tornaram cidadãos de sucesso e nem a responsabilidade pelos insucessos e problemas que muitos tiveram. Mas não se tem dúvida que a contribuição do Movimento Escoteiro é positiva e realmente ajuda as pessoas.

 

            O Grupo Escoteiro Chama Farroupilha esta em uma cidade pequena, por isso as pessoas não perdem o contato e quando se olha para os jovens que passaram pelo grupo nestes vinte e seis anos de existência, se sabe que alguns tiveram desventuras, mas são incontáveis os casos de sucesso. Pessoas que hoje são advogados, médicos, dentistas, engenheiros, administradores, contadores, empresários, professores, comerciantes, operários, militares, músicos, policiais, funcionários públicos, enfim, uma variedade de profissões, mas todos com uma vida honrada onde os enunciados de Baden-Powell fazem parte do cotidiano, muitas vezes sem serem percebidos conscientemente por aqueles que foram escoteiros.

 

            É com muita tranquilidade que se pode afirmar que a existência de um Grupo Escoteiro na comunidade é muito profícua, sendo inegável a sua contribuição para a educação dos futuros cidadãos. No caso do Chama Farroupilha, nunca é demais agradecer aos fundadores Silvio Machado Felten (in memoriam), Saulo Ernani Radin e Achiles Goldani Netto que juntos com outros plantaram a semente em 1986 e cuidaram da muda até ela se tornar uma árvore frondosa. Hoje aproveitamos sua sombra, colhemos os frutos, mas continuamos cuidando desta árvore que exige atenção permanente e contínua para que as próximas gerações também possam desfrutá-la e mais chefes recebam seus salários.

 

Totens, uma antiga tradição esquecida

Totens

           Esta é uma tradição muito antiga no escotismo, parte da mística escoteira que vemos citada quando chefes mais idosos são mencionados e que atualmente está em desuso. Por isso que Benjamin Sodré era chamado Velho Lobo, Glaucus Saraiva era conhecido por Uirapuru, Jarbas Pinto Ribeiro era Quati e tantos outros.  Além da tradição passada de ouvido a ouvido, existe uma base documental, o livro Sempre a Direito, publicado em Portugal pela Editora Educação Nacional, escrito por Léopold Derbaix, com citações do próprio Baden-Powell. No capítulo “Os Tótemes”, páginas 298 e 299, o autor faz a seguinte explanação que está transcrita na forma original, sem mudanças no idioma ou estilo:

“Cada escoteiro terá, igualmente, o seu nome de guerra: o seu tóteme. Eis aqui uma inovação que muita gente critica e que, pelo contrário, revela a admirável sagacidade pedagógica de Baden-Powell. A mania das alcunhas e dos sobrenomes constitui um fato inegável, quer na caserna, quer nos colégios. Em vez de um nome puramente convencional, quase todos preferem designar os indivíduos por uma expressão incisiva ou maliciosa, nem sempre inocente, através da qual ressaltem os seus pontos fracos ou seus defeitos. Baden-Powell aproveita esta mania, que sabe perfeitamente ser impossível de combater; não só a torna inofensiva, mas tira dela todo o partido possível, utilizando-a com uma finalidade educativa. Ele gosta que se dê um nome de guerra a cada escuta, o nome de qualquer animal que possua um sinal característico da personalidade do interessado e que lhe recorde uma qualidade que lhe falta ou um defeito que ele deve combater.”

Capa do Livro Sempre a Direito

 

          Nos grupos escoteiros brasileiros que adotavam esta mística, a prática costumava ser que cada membro ao entrar para o grupo, mesmo que lobinho, escolheria um animal para ser chamado e servir de alcunha. Ao mesmo tempo, também poderia escrever uma pesquisa sobre o referido animal, descrevendo seus hábitos e características. Não era recomendado que fossem nomes de patrulhas do grupo nem totens que estivessem sendo usados por outros jovens naquele momento, para evitar confusões. Os que voltavam a ser usados em outros tempos recebiam números em romanos, tipo Jacaré II, Panda III.

          A prática desta tradição revela situações inusitadas promovidas pelos jovens que valem alguns relatos. Muitos destes totens acabam virando apelido de rua dos jovens, especialmente em lugares onde estes têm convivência também fora do grupo escoteiro. O inverso também ocorre com o apelido da rua virando o totem, quando já era um nome de animal. Outras vezes, o totem se estende para o seu irmão mais moço, que fica conhecido pelo diminutivo, algo tipo o coruja e o corujinha. Por vezes o escoteiro escolhe um totem e os outros acabam adequando o novo apelido, como o menino que escolheu pastor alemão, mas dada a sua personalidade, o totem foi adaptado para cachorro louco.

          Enfim, esta prática antiga é muito interessante e pode se tornar uma boa ferramenta para evitar o bullying, uma vez que o próprio escoteiro escolhe o apelido, evitando situações jocosas ou pejorativas. Particularmente, a empregamos em nosso grupo escoteiro com sucesso até os dias de hoje, onde todos, inclusive os chefes, tem seu totem.

O Estudo e a Insígnia da Madeira

O Estudo e a Insígnia da Madeira

Museu de Gilwell Park

             Causa perplexidade e tristeza eventualmente ouvir postulações sobre tentativas de pôr fim na parte do Estudo, também chamado Caderno, da Insígnia da Madeira, da mesma forma como é decepcionante escutar afirmações de outros chefes que cadernos foram aprovados por decurso de prazo, ou seja, o leitor avaliador não o devolveu no tempo regulamentar destinado a avaliação.

            Isto corresponde a eliminar a dissertação dos programas de mestrado, a tese dos doutorados. Sinceramente, em que outro momento um chefe interrompe suas atividades para refletir sobre sua prática, a luz da literatura disponível? E vai mais longe, escrevendo e argumentando suas posições. Sem dúvida é o maior exercício intelectual que o escotismo oferece para aqueles que o desejarem, uma vez que ninguém é obrigado a conquistar a insígnia. Permite ainda a conversa com outros líderes, ampliando a reflexão e a troca de argumentos com o assessor pessoal e o próprio leitor avaliador, embora incógnito, correspondendo a orientação acadêmica do mestre, auxiliando na formação do pensamento crítico.

            Eliminar ou diminuir esta etapa não é surpreendente em um país que tem as piores notas na avaliação de seu ensino magistral e acadêmico, comparado as outras nações. Seria nivelar a intelectualidade por baixo. A pós-graduação realizada fora do Brasil permite a convivência com pessoas de diferentes partes do mundo. Se nós temos parcos conhecimentos sobre Machado de Assis, Castro Alves, Jorge Amado, Érico Veríssimo ou Gonçalves Dias, só como exemplos, os europeus, africanos e asiáticos, estudaram Goethe, Shakespeare, Rimbaud, Sartre, incluindo tantos outros e muitas vezes sabem muito mais de Camões, Fernando Pessoa e José Saramago, que nós brasileiros lusófonos, nos deixando verdadeiramente embaraçados e preferindo falar de futebol. Essa formação cultural ampla deve ser perseguida pelo escotismo brasileiro e entendida como um dos caminhos para o sucesso em nossos grupos.

           Já percebemos uma simplificação na formação do chefe quando um curso intermediário no processo, o Curso Técnico de Ramo (CTR) foi suprimido e se havia conteúdos sobrepostos, a questão talvez fosse reformular as matérias com a inserção de novos tópicos. No escotismo não podemos abrir mão da leitura minuciosa dos textos de Baden-Powell e de tantos outros nacionais como Rubem Süffert. É obrigação estudá-los e discuti-los.

         Comparando com níveis básicos e fundamentais de ensino, é sabido que o jovem brasileiro passa poucas horas na escola, em comparação a outras nações, inclusive latinoamericanas. Como método de educação extraescolar, o escotismo poderia aumentar estas horas de formação despertando novos interesses e habilidades. Todavia, só oferecerá qualidade com chefes preparados. Também poderia se incluir no rol de argumentos a questão da cidadania, da atitude de fazer as coisas certas. A falta destes conceitos, que podem ser bem trabalhados pelo escotismo, que faz com que nossa população faça pichações em sua própria cidade, roube o bronze das praças destruindo monumentos para vender como sucata ou queime as novas lixeiras para material orgânico.

            Queremos aprender menos ainda? O que teremos para ensinar? Se o escotismo é um movimento educacional que objetiva formar líderes, em nenhum momento pode exigir ou cobrar menos de seus próprios chefes que são o exemplo para os jovens. Não se pode ler menos, pensar menos, escrever menos e ainda colher louros deste relaxamento. Em países que tantas vezes são assumidos como modelos em diversas áreas, como os Estados Unidos, a formação do chefe é interminável, porque além da Insígnia da Madeira, existem os Knots Badges, contemplando diferentes áreas de interesse e possibilitando sempre novas conquistas. Não que o modelo deva ser copiado, não queremos é que o nosso seja diminuído, todavia, é inegável a força do Boy Scout of America.

            Se no Brasil enfrentamos dificuldades de crescimento do efetivo escoteiro, com certeza chefes menos preparados, com formação simplificada, não serão a solução para isso. É lugar comum dizer que o progresso depende da educação, portanto o progresso do escotismo também deve estar ancorado neste processo, iniciando pelas suas chefias.

Os Jamborees

Os Jamborees – Bolívia, Guatemala, Chile, Foz do Iguaçu, Inglaterra, Suécia.

Após o VII Encontro Regional de Chefes do Ramo Escoteiro, decidimos oficialmente participar do 9º. Jamboree Panamericano de Cochabamba, Bolivia, por influência de Eduardo Bello. Foi realizado entre os anos de 1994 e 1995, com a passagem do Ano Novo lá, no altiplano andino. Era a primeira vez que o Chama Farroupilha participava de um evento internacional, a primeira vez que ia a um Jamboree e a primeira vez que saia do Brasil. A Região, através de Eduardo Bello, organizava uma grande delegação, com um voo charter somente para os gaúchos, fretado do Lloyd Aéreo Boliviano. Foi uma surpresa quando entramos no avião e a direita da porta havia uma placa de bronze com os dizeres escritos em espanhol e aqui traduzidos: “Nesta aeronave voou o Papa João Paulo II, quando de sua visita a Bolívia”. Foi uma tranqüilidade muito grande saber que estávamos voando no avião papal, uma sensação de segurança reconfortante, a despeito de todas as brincadeiras de humor negro que ouvimos antes de viajar, fazendo referências a uma companhia aérea que é muita séria e sem histórico de acidentes. Iniciamos a organização da delegação triunfense, fizemos algumas reuniões e como nesta época não tínhamos sede, estes encontros com os pais para esclarecer o que era o evento e como poderíamos participar ocorreram no subsolo do Clube Centenário, junto a pista de bolão. Finalmente, nossa delegação foi composta pelos chefes Maurício Roth Volkweis e Mateus Schenk Freitas, pelo sênior Geleovir Freitas e pelos escoteiros Elzo Giacomelli Junior, Vinícius Lima Goldani, Vinicius da Cruz de Paula e Guilherme Galarça Radin. Delegação para a Bolívia.

Tanto a viagem quanto o evento transcorreram sem problemas, chegamos pela manhã mas só fomos transferidos para o acampamento na tarde do dia seguinte. Ficamos alojados em uma escola no centro de Cochabamba, o que permitiu que conhecêssemos a cidade. Tínhamos um universitário voluntário que nos servia de guia. Já na metade do primeiro dia, o Mateus dispensou o rapaz e assumiu as funções de guia turístico sem nunca ter ido antes a Cochabamba. Quando cruzávamos com outros grupos de escoteiros brasileiros pela cidade eles perguntavam onde estava nosso guia e o Mateus respondia “El guia soy yo, la garantia soy yo“ em uma alusão a um comercial de TV do videocassete Toshiba quatro cabeças. A noite jantamos em uma pizzaria no centro de Cochabamba. O detalhe é que nunca nenhum de nós havia estado em Cochabamba, mas realmente não era difícil se localizar na cidade e encontrar os locais de interesse para visitação, incluindo uma feira gigante de artesanato. O programa do Jamboree envolvia muitas caminhadas pelo altiplano andino, realmente muito bonito. Nossa tropa foi completada com o grupo escoteiro Jean de Lery, de Estância Velha e Inhanduí, de Canoas. O Chefe da tropa era o chefe Davi, do Jean de Lery, que também desempenhava a função de coordenar a cozinha do acampamento. Um dia de noite a equipe de cozinha resolveu fazer um macarrão, que ficou todo grudado, impossível de ser comido. Um escoteiro do Jean de Lery, Rômulo Faustino, hoje conhecido no escotismo como Rufos, colocou a massa no prato e o virava de cabeça para baixo e a massa não caia, desafiava a lei da gravidade. 

Estávamos participando da I Ação Escoteira em Veranópolis, em abril de 1995 e no domingo pela manhã havia uma missa na praça central da cidade, onde todo o evento iria participar. Lá estava novamente Eduardo Bello que conversou conosco e passou informações preliminares sobre o X Jamboree Panamericano que seria realizado na Guatemala e haveria a possibilidade de após o jamboree passarmos uma semana nos Estados Unidos, em Orlando, desfrutando a Disney e demais parques. Parecia um sonho. Nesta época havia paridade cambial entre o Real e o Dólar e tudo ainda poderia ser pago em dez parcelas fixas. Logo iniciamos as tratativas e montamos uma delegação em nosso grupo, que apesar das facilidades financeiras para este evento, foi a menor delegação do Chama Farroupilha em um Jamboree, sendo composta pelos chefes Maurício Roth Volkweis e Mateus Schenk Freitas e pelos escoteiros Elzo Giacomelli Junior, Vinícius Lima Goldani, e Vagner Pinheiro Machado. O evento transcorreu durante a páscoa de 1996, de 30 de março a 6 de abril de 1996, em Muxbal, nossa tropa era formada ainda pelos Grupos Jean de Lery (Estância Velha), Barão do Rio Branco (Novo Hamburgo), Arno Friedrich e Marquês do Herval (Osório). O chefe da Tropa 5, Vikings, era o Maurício Volkweis, Mateus Freitas era o chefe do Bem-Estar e o Fabiano Trein era o chefe do Programa, estas duas últimas funções criadas pela organização do jamboree e com funções específicas. Desde então, começamos a observar um fato constante em nossas tropas e muito interessante. Os jovens criam ou uma história fantasiosa ou um amigo imaginário coletivo que está presente em todos os momentos e acompanha a todos. Na Guatemala, os escoteiros Rodrigo Luiz Kasper e Rodrigo Magrin Juchen (o Patê), ambos então do G.E. Barão do Rio Branco, instituíram a história dos Ciclonóides, que vieram do planeta Ciclon e poderiam converter outras pessoas, sugando sua energia vital com a ferramenta especial, desde que a pessoa se colocasse em posição. Apenas os seis ciclonóides originais não tiveram sua energia vital sugada, a saber: Chefes Maurício, Mateus e Fabiano Trein e os próprios Kasper e Patê e o João, amigo deles que não foi ao Jamboree e que segundo eles foi quem inventou esta história toda. Havia sinais de identificação entre os ciclonóides e toda uma coreografia muito elaborada.

A organização guatemalteca foi precária, faltando muitas coisas para o evento e o local ainda era muito difícil, devido a ser um morro muito pedregoso, com grandes distâncias entre os subcampos e a arena central. Gastávamos 20 minutos caminhando morro acima para voltar da arena central até o acampamento que era no último subcampo, quer dizer, no mais alto. Entre o nosso canto de tropa e a rua de circulação havia um barranco arborizado que virou o ponto de parada do pessoal, em qualquer minuto vago todos estavam no barranco apreciando o movimento. Os guris desenvolveram um passatempo, fizeram plaquinhas com notas e ficavam sentados em cima do barranco observando o movimento. Quando passava uma menina, eles levantavam as plaquinhas dando notas para elas. Todos gostaram da idéia e tinha menina que não cansava de passar, para ver se a nota melhorava. Esta brincadeira foi repetida meses depois, na Ação Escoteira de São Lourenço.

A UEB foi fantástica, criando uma organização paralela e fornecendo as tropas brasileiras o suporte que o evento não oferecia, inclusive dois veículos foram alugados, uma van e uma picape, para atender as tropas. Após o Jamboree, os chefes de tropa receberam uma agradável e elogiosa carta de agradecimentos, assinada pelo próprio Antônio Carlos Hoff, chefe da Delegação Brasileira. Uma das atividades do programa era a escalada do vulcão de Pacaya, ainda ativo. Os grupos eram deslocados de ônibus até a base do vulcão e quem realizasse a subida, recebia um distintivo no topo do vulcão, que caracterizava a base. Todos os integrantes do Chama conquistaram a insígnia. Era uma elevação muito íngreme, com muitas pequenas pedras soltas queimadas, resultado do resfriamento da lava e os pés se enterram nestas pedras, dificultando a subida. O pisoteio destas pedras também produzia uma poeira preta que atrapalhava a respiração. Trouxemos algumas destas pequenas pedras pretas como recordação e elas estão no armário de troféus do grupo, em uma pequena caixa plástica transparente. Parte da tropa 5 no topo do vulcão de Pacaya. Depois, os dias em Orlando foram muito prazerosos e visitamos a Disney World, Epcot Center, MGM Studios e Universal Studios, hospedados em hotel e com direito a compras na Rodeo Drive e um city tour em Miami.

Tivemos uma intercorrência na imigração americana, onde uma escoteira do G.E. Jean de Lery foi detida por problemas no visto de imigração americano. Acontece que o governo dos Estados Unidos havia concedido um visto que permitia somente uma entrada no país e quando fizemos a conexão para a Guatemala esta única entrada foi utilizada embora não tivéssemos nem saído do aeroporto, mas ninguém sabia disto. Ela foi conduzida para uma sala toda envidraçada onde ficavam os imigrantes ilegais até receberam o devido destino, junto com diversas pessoas algemadas. Todos nós viajávamos impecavelmente uniformizados, apesar dos sete dias de acampamento e pensamos que isto ajudou muito, dada a popularidade do escotismo nos Estados Unidos. Foi permitido um acompanhante por ela ser menor de idade , havia sua irmã na tropa mas não falava inglês, então foi solicitado ao chefe Maurício Volkweis acompanhar a jovem. Após conversar com os oficiais da imigração, eles foram sensíveis a situação, houve explicações de ambas as partes e validaram o visto para somente mais uma entrada, cobrando uma nova taxa, na época correspondente a US$ 100,00. Após este susto, apenas desfrutamos os passeios.

O Jamboree do Chile foi o primeiro e até agora único Jamboree Mundial realizado na América Latina e o 19º. World Scout Jamboree. Iniciamos um longo trabalho prévio de motivação e diversas estratégias de arrecadação de fundos pela oportunidade de participar de um Jamboree Mundial em um país próximo, portanto com uma viagem mais barata. Fizemos uma ficha para cada jovem que funcionava como uma conta corrente, o que cada um gerava de dinheiro nas promoções era creditado individualmente, assim cada jovem poderia acompanhar seu próprio progresso financeiro. Se alguém desistia, o dinheiro acumulado por ele era fraternalmente dividido entre os restantes, creditando na ficha pessoal. Nossa delegação contou treze membros e foi a maior até hoje para um Jamboree. Era formada pelo Chefe Maurício Roth Volkweis e pelos jovens Bruno Barreto Pavão, Daniel Pinheiro Vargas, Diego Vargas, Dyego Matielo Lemos, Guilherme de Souza Ferreira, Leopoldo Galarça Radin, Luciano Breitsameter Demaman, Mateus Marchett Lopes, Maicon da Silva Silveira, Mário Celso Pacheco, Vinícius Goldani e João Manoel de Medeiros. Nossa tropa foi completada com o Grupo Manoel da Nóbrega, Guaranis, George Fox e com uma patrulha de Moçambique. Os moçambicanos nos presentearam com uma fruta típica de Moçambique que forma uma espécie de pequeno porongo chamada de Massala, serve para conter líquidos e encontra-se exposta em nossa sede no armário de troféus. Durante o evento, sofreram forte crise de malária, doença da qual eram portadores, exigindo a internação no hospital de campo de quatro jovens diferentes.

No voo entre Porto Alegre e Buenos Aires, onde fizemos nossa conexão para Santiago, o serviço de bordo distribuiu um conjunto de brindes onde havia um creme hidratante em um sache. Logo veio a bandeja de alimentação e o Guilherme Ferreira passou o hidratante na comida toda, achando que era maionese. E ainda reclamou do gosto estranho daquela maionese. Houve muitas falhas no programa do Jamboree para os jovens, com bases que verdadeiramente não funcionavam, tal como a base Carros de Acero. Havia um calor intenso e o ponto alto foi a ampla distribuição de frutas durante todo o acampamento e em múltiplos pontos. A decoração do campo, com pórticos em todos os subcampos e vias cobertas com telas para proteger do sol também merecem destaque. Nossa tropa era a 4 e se chamava Muuripás, o grito de guerra era: “Do sul viemos nós, escute minha gente, Gaúchos como nós, Escoteiros para sempre”. Estávamos alojados na aldeia Teotihuacán, no subcampo Toltecas. O amigo imaginário dos jovens neste jamboree era o Pepeco ou Ralfs de Pepeco. Tudo era ele quem fazia, sabia ou deixava de fazer. Confesso que cansamos do Pepeco e ele acompanhou o grupo por muito tempo, voltou junto do Jamboree e habitava as ruas de Triunfo, onde frequentemente se ouviam gritos clamando por ele.

Sabe-se que cabeça vazia é oficina do diabo. Os jovens acabaram inventando uma distração nada escoteira e que reprimimos fortemente em nossa tropa quando a descobrimos. Havia muitos banheiros químicos no campo e eles ficavam esperando alguém entrar para utilizá-lo, aguardavam uns instantes para dar tempo da pessoa se sentar e atiravam uma pedra dentro do cano do respiro de ar do banheiro. Essa pedra cai por aproximadamente dois metros dentro de um cano fechado até se chocar com o reservatório dos excrementos, produzindo um grande pingão em quem está sentado, seguido de muitos gritos de desaforo. Conseguiram inventar algo realmente podre.

Aconteceu neste Jamboree um encontro que se tornou tradição em Jamborees Mundiais, que é o Encontro Lusófono. Ao final da tarde de um dos dias de acampamento, todos os participantes do evento de países que falam a língua portuguesa se reúnem para apresentações culturais, troca de experiências e confraternização.

Ainda resultado do tempo ocioso, o escoteiro Leopoldo Galarça Radin furou a orelha do escoteiro Luciano Demaman no acampamento para ele colocar um brinco. Usou uma técnica muito sofisticada, deixando uma pedra de gelo por alguns instantes no lóbulo da orelha e depois furando com o próprio brinco, em um golpe seco, seguido de um grito. Foi também neste Jamboree que tivemos o acidente mais sério com um membro de nosso grupo. No penúltimo dia, o Vinicius Goldani, que era um dos cozinheiros, enfiou uma das mãos em uma frigideira com azeite quente, queimando todo o dorso. O Vinicius era escoteiro experiente, até hoje é o único integrante do grupo a participar como membro juvenil de três Jamborees (Bolívia, Guatemala e Chile), este era seu último jamboree porque já tinha 17 anos, mas infelizmente acidentes acontecem. Permaneceu horas com a mão enfiada em uma bacia com água e gelo para aliviar a dor. A cicatrização da queimadura transcorreu sem intercorrências e não deixou sequelas. O Jamboree aconteceu entre 1998 e 1999, com a virada do ano lá. Devido a aridez da região, vimos um vídeo em telões da queima de fogos de artifício porque nenhum foguete poderia ser detonado. Também neste evento os ingleses já estavam divulgando o Jamboree do Centenário que aconteceria somente sete anos depois. Ganhamos inclusive pins de divulgação do evento e tivemos a oportunidade de conversar com Derek Twine, pessoa muito simpática, quinto Chefe de Campo de Gilwell Park no período de 1983 a 1999, que nos deu um cartão seu, guardado em nosso relicário. Os escoteiros entendem a importância da única Insígnia da Madeira de seis contas. Após o Jamboree a comunidade de Triunfo viveu uma experiência singular, que foi a de participar do programa de Home Hospitality (HoHo), onde cada família recebeu dois escoteiros ingleses, tivemos dezesseis pessoas alojadas em Triunfo, provenientes da região de Leeds e Wakefield, correspondendo a escoteiros do Condado de Central Yorkshire. Eram catorze membros juvenis e dois chefes. As famílias que hospedaram os ingleses foram as de João Ramos Matias, Cacildo Volkweis, Maria Cristina Lemos, Carlos Eduardo Bonatto Felten, Marcos Pavão, Carlos Antônio Aita, Achiles Goldani Netto e Fábio Jerônimo Martins Vargas. Permaneceram em Triunfo durante 4 dias. No churrasco de despedida realizado no Cantegril Clube, recebemos um quadro onde o fundo é o lenço da delegação inglesa e sobreposto a ele estão os distintivos de todos os distritos que formavam a tropa no HoHo de Triunfo, exposto na sala da chefia. Ainda ornamentam a sede uma flâmula do Jamboree em um quadro de vidro, oferecida ao grupo pelo chefe Maurício, um quadro com a carta de agradecimento e fotos que foram enviadas pela tropa do Ho-Ho após a volta deles para a Inglaterra, e um prato plástico com a logo do jamboree, no armário de troféus do grupo, presente de Dyego Matielo Lemos.

Ao revisar estes relatos, Daniel Vargas, o Cachorro, ainda lembrou de outra história. Como o Chefe Maurício era o único chefe de seu grupo liderando doze jovens, alguns cuidados foram necessários, que o Daniel narra a seguir: Nas preparações para ida ao Jamboree do Chile fazíamos algumas reuniões, e em uma dessas reuniões você (Maurício) chamou apenas eu (Daniel) e o Mário (Pacheco) daí você nos falou como funcionaria tudo lá no Chile e nos depositou a confiança de passar algumas instruções de como assumir o controle do grupo, documentos de todos e também de como agir caso acontecesse alguma coisa com você. Nessa reunião, em conversa descontraída, eu falei: “Imagina depois que voltarmos, em fazer encontros com jantas ou almoços para podermos nos encontrar e falar das histórias que vivermos lá”. Nesse momento você (Maurício) me falou uma coisa que levo até hoje na minha vida, óbvio pelo acréscimo dos fatos acontecidos: “Cachorro, aproveita tudo lá durante a viagem pois quando viajamos e vivemos em grupo, ainda mais do tamanho desta tropa que estamos indo viajar, nunca mais tu consegue reunir todo mundo, pois quando marcar algum encontro sempre um dos integrantes terá outro compromisso ainda mais que vocês tão crescendo, indo estudar e trabalhar”. Após o retorno do jamboree fizemos um almoço no Clube Cantegril o qual se bem me lembro o Luciano Demamann já não pôde ir e dói a partida do nosso colega Guigui. Então, sempre aproveito todos os dias de minha vida intensamente com as pessoas que estão comigo nos momentos, viagens, festa, jantares, almoços, reuniões e outras atividades as quais participo com amigos e conhecidos, pois em 1998 e 1999 escutei essas palavras de você e vivencio até hoje o que disse naquele momento.

De 7 a 12 de janeiro de 2001 o Brasil voltou a sediar um Jamboree Panamericano e novamente o Chama Farroupilha esteve presente, a delegação foi composta pelo Chefe Maurício, seniores Guilherme da Silva Ferreira, Bruno Barreto Pavão e Mateus Marchett Lopes e pelos escoteiros Gabriel de Medeiros Aita, Vinicius Mendes Felten, João Henrique de Freitas e Moisés da Silva Rybar. Viajamos um dia antes de van e ficamos uma noite hospedados no Hotel Rafain, em Foz do Iguaçu, para no dia 7 darmos entrada no campo. Delegação triunfense em Foz do Iguaçu. Em pé: Chefe Maurício, Moisés, Bruno, Guilherme, Mateus, João e Gabriel. Agachado: Vinícius. Este Jamboree foi um exemplo de organização, onde tudo funcionava perfeitamente e foi também a única vez que um de nossos escoteiros experimentou um caso grave de saudade de casa, que chamamos de banzo, numa analogia a saudade que os escravos sentiam de sua terra natal. Este é um fato passível de acontecer em longos acampamentos como este e talvez o amigo imaginário coletivo ajude neste equilíbrio emocional e neste jamboree não houve nenhum. Outro evento marcante foi a chuva. Não chovia o dia todo, mas todos os dias choviam, algo que se tornou muito irritante após alguns dias de acampamento. A região é composta por um solo argiloso, muito vermelho, que facilmente vira barro e mancha tudo. Algumas barracas ficaram tão encardidas que não conseguimos mais eliminar as manchas. A chefia da tropa escoteira 219, chamada Atyra, com 35 participantes, ficou a cargo do chefe Eduardo Loureto Alves (Nono), do G.E. Henrique Dias de Santa Maria, da chefe Carmem Koehler do G.E. Santa Cruz, do chefe Fabiano Trein do G.E. Jean de Lery e do chefe Maurício Volkweis do Chama Farroupilha. Os jovens era procedentes dos grupos Botucaraí, Santa Cruz, Almirante Abreu, Augusto Severo, Iguaçu, Medianeira, Itaipu, Porto Seguro, Ventos do Sul, Nenguiru, Acauã, Chama Farroupilha, Paranhana, Jean de Lery, Barão do Rio Branco, Harmonia e Henrique Dias. Nossos seniores ficaram em outra tropa, liderada pelo chefe Alberto Stochero, de Santo Ângelo.

Um ponto alto foi o refeitório montado, com toda a alimentação era oferecida pronta, liberando os jovens de atividades de cozinha e permitindo mais tempo para confraternização e também merecem destaque os banheiros que sempre funcionavam adequadamente. A frente deste evento estava o trabalho de Eduardo Bello, Executivo da Direção Nacional, a quem citamos as qualidades e lamentamos a perda precoce.

Em 2007 ocorria o Centenário do Escotismo, marcado pelo centenário do acampamento na ilha de Brownsea, considerado o marco de fundação do movimento. Para celebrar data tão significativa, a Inglaterra, assim como ocorreu no cinquentenário do escotismo em 1957, organizou o 21º. World Scout Jamboree. Trabalhamos fortemente para o Chama Farroupilha estar presente, acalentando o sonho desde 1999, quando no Jamboree do Chile tivemos contato com a delegação inglesa, que já divulgava os preparativos para o evento. O resultado é que fomos a maior delegação do Rio Grande do Sul, motivo de muito orgulho para todos. Esta foi a nossa segunda maior delegação, com doze membros. Tal número só foi possível graças ao empenho pessoal de Pedro Francisco Tavares, o Chico, que conseguiu patrocínios para o Grupo Escoteiro. A Delegação foi formada pelos Chefes Maurício Roth Volkweis, Daniel de Souza Franco, Lucas Meister e pelos jovens Tibério Kober, Rafael Conzatti Umann, Leonardo Schmidt Costa, Luiza Galarça Radin, Cintia de Souza Franco, Henrique Jadoski, Bruno Dornelles Pereira, Carlos Gabriel Grzegorczyk Dias e Rodolfo Itamar Souza Viacava.

O amiguinho imaginário que acompanhou a tropa desta vez foi o Barbiroto. Dessa vez, o significado foi estendido e também usado como verbo, tipo ele está barbirotiando e até como adjetivo, como barbirotice. Nossa tropa era a única do Rio Grande do Sul, portanto contava com jovens de todo o estado e ainda uma patrulha de escoteiros uruguaios. Nossos hermanos nos presentearam com um troféu que é um mapa do Uruguai, revestido em cobre, obra de um artista plástico uruguaio, que está exposto em nossa sede, no armário de troféus do grupo junto com uma foto e cartão de toda a equipe de chefes de serviço de nosso subcampo, oferecida como recordação a todas as tropas presentes. Também temos exposta em nossa sede a faixa que identificava a Tropa 12, com o nome de todos os municípios de onde os integrantes eram procedentes, ou seja, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Portão, Triunfo, Vera Cruz, Estância Velha, Erechim e Carazinho. Parte brasileira da tropa sendo homenageada pelos irmãos uruguaios. Os chefes Daniel e Lucas trabalharam na Equipe Internacional de Serviço e a chefia da tropa foi composta pelo chefe Maurício, um chefe da Delegação Uruguaia, pelo chefe Tiago do G.E. Arno Friedrich, e pelo chefe Eduardo Amorin, o Bala, então do G.E. Santa Cruz (181 RS), um chefe escoteiro nato, com extensa dedicação ao escotismo, fundador e organizador de outros grupos escoteiros como o McLaren (343 RS) e o Arés (193 RS), com quem desenvolvemos intenso e gratificante trabalho durante o acampamento. O Bala é uma pessoa muito autêntica e com o trabalho conjunto tivemos um excelente evento. Após o Jamboree ele escreveu em seu blog um extenso agradecimento a nós, deixando-nos verdadeiramente envaidecidos, em uma sincera demonstração de carinho. O reconhecimento pelos irmãos de ideal, especialmente aqueles muito dedicados ao escotismo, é sempre uma grande honraria (http://chefebala.blogspot.com/2008_01_01_archive.html).

Este Jamboree foi um exemplo de organização, tudo foi perfeito, tudo funcionou, uma experiência única e irrepreensível, que contou com a presença do Príncipe Willian, herdeiro do trono inglês na Cerimônia de Abertura, bem como do neto de Baden-Powell, também chamado de Lord Baden-Powell. Toda a programação transcorreu naturalmente, havendo um dia inteiro de atividades em Gilwell Park e em outro dia havia inclusive uma encenação de um torneio medieval de cavaleiros durante o horário de almoço. Era impressionante a quantidade de câmeras de segurança no evento, inclusive com unidades móveis de monitoramento, todavia não impediu que nossa bandeira do Brasil, que ornamentava o pórtico do canto de patrulha fosse roubada durante a noite. Era uma bandeira muito grande, que um dos jovens de Porto Alegre do grupo Arno Friedrich havia levado, procedente da empresa que seu pai trabalhava e que a havia substituído, embora em perfeito estado. A caça de troféus é uma prática antiga e condenável no escotismo e desta vez fomos vítimas.

Devido a este roubo, fomos convidados a comparecer a uma espécie de delegacia montada dentro do Jamboree em containeres, em uma das extremidades do parque, acompanhados pelo chefe do subcampo Tundra, onde estávamos acampados. Ficamos impressionado com a quantidade de agentes da New Scotland Yard, a polícia inglesa, que estavam presentes no evento, vestidos como escoteiros e trabalhando discretamente pela nossa segurança. Frequentemente eram vistos policiais uniformizados circulando no campo, em policiamento ostensivo, mas estes, depois desta visita, percebemos que eram só para inglês ver. O contingente policial verdadeiro era discreto e circulava em bicicletas, misturado as equipes de serviço. Após o evento, passamos três dias em Londres e quatro dias em Paris, oportunidade única para estes jovens conhecerem duas das mais importantes capitais do mundo. Desta vez, a função de guia turístico coube ao chefe Maurício.

No período de 27 de julho a 7 de agosto de 2011, a Suécia sediou o 22º. Jamboree Mundial, em Kristianstad e o Chama Farroupilha preparou uma delegação composta pelo Chefe Maurício Volkweis, pelos escoteiros Otávio Delavi Carvalho, Pedro Delavi Carvalho, Anderson da Rosa Gonçalves e Henrique Tavares Schubert e os pioneiros e integrantes da Equipe Internacional de Serviço Letícia Teixeira Lopes, Tibério Kober, Rafael Conzatti Umann e Rodolfo Itamar Viacava. Por sugestão minha, nossa tropa se chamou Lino Schiefferdecker e era a Tropa 8 do Contingente do Brasil, chefiada por mim e tendo como assistentes os chefes Daniel José Vacaro, Mônica Ayete e Manuela Kanan. O contingente gaúcho foi liderado pelo chefe Osni Rosenhein. Transcorremos sem intercorrências e o programa do jamboreee estava bem satisfatório, sendo um dos jamborees mais tranquilos e calmos de que participei. Após o evento, nosso grupo permaneceu dois dias em Copenhagen e outros quatro em Barcelona onde novamente as funções de guia turístico couberam ao chefe Maurício Volkweis.

Discutindo a progressão dos jovens

Uma vez, debatendo via e-mail com o chefe sênior de nosso grupo sobre as dificuldades de estimular os jovens a assumirem seu próprio desenvolvimento, chegamos no seguinte texto, resultado das trocas de e-mails:

Sobre as etapas de progressão tenho algumas idéias. Primeiro que nem todos as realmente farão porque não é isto que os atrai no escotismo. Alguns vem pelas amizades e clima fraternal, outros pelas atividades externas e pelo campismo, outros pelas disputas entre grupos (patrulhas) e outros despertam para a progressão pessoal e buscam conquistar etapas que podem ser mostradas aos demais. O bom seria se todos os jovens tivessem toda esta lista de interesses, mas não é assim. Todavia, pelo menos alguns da tropa devem buscar a progressão formal, seguindo o sistema de etapas.

Não podemos esquecer que BP era militar e foi dai que nasceu a idéia de distinguir os jovens com insígnias para usar no uniforme, como os militares fazem e em inglês a palavra é a mesma para insígnias escoteiras ou militares (badge). Mas isto mexe com a vaidade das pessoas, porque a conquista fica evidente para que todos observem e por isso que dá certo. Seguindo esta linha militar, pode-se “promover” o jovem como no exército. Por mérito e distinção, ou seja, fazendo as etapas de classe, ou por tempo de serviço, tipo o sênior com 17 anos recebe a Eficiência I compulsoriamente (só falta um ano para deixar a tropa). Isto diferencia os mais velhos e tenta motivá-los mais uma vez a buscar as etapas. Educação para a vida. Com certeza quem está no ramo sênior deste os 15 tem conhecimento para satisfazer todas as etapas da Eficiência I mas não despertou para a conquista do distintivo em si.

Outro ponto, para jovens em diferentes níveis de formação, BP sugere o sistema de patrulhas, aplicado de maneira que o monitor ou o sub monitor deêm as instruções que eles já dominam e determinadas pelo chefe aos mais jovens enquanto o chefe trabalha com o monitor ou sub que está sobrando, oferecendo formação de acordo com o nível que ele está e que no futuro ele poderá novamente repassar aos mais jovens. Algo tipo o chefe ensina o monitor (ou sub ou ambos) e o monitor (ou sub) ensina a patrulha. Penso também que o enfoque para as conquistas das etapas deve ser focado “no que falta para tu ter o distintivo”. Fica mais objetivo para o jovem se a coisa funcionar na base da eliminação.

Existe uma série de textos chamadas de Opiniões de Delta. Se alguém conhece pula este parágrafo. São textos escritos na forma de histórias ou diálogos entre Delta e seus escoteiros ou assistentes. Delta é um escotista experiente, com muita vivência, que apresenta sugestões para as diferentes situações vividas pela tropa. Os textos são antigos, foram traduzidos para o português pelo Dr. João Ribeiro dos Santos nos anos 60 (o médico carioca que dá nome ao Campo Escola do Saint Hilaire, e que por sinal foi quem introduziu o ramo sênior no Brasil, mas isto é outra história). Um dos textos chama-se a Ordem dos Botões Azuis, ou algo parecido, onde eles criam uma distinção na tropa que só quem tivesse um conjunto de coisas poderia usar, tipo evolução nas etapas de progressão, frequencia, apresentação do uniforme, etc. Pode-se pensar em algo semelhante para a tropa. Por exemplo, um anel de lenço especial, que só exista 1 (tenho algumas peças raras e posso emprestar) que o Sênior modelo tem o direito de usar por um período determinado de tempo até a próxima avaliação quando deverá passar ao próximo que conquistou o direito.

Outro tempero que pode ser usado é a preferência para ser monitor ou sub para quem é mais adestrado. Tipo na eleição para monitor da patrulha, quem é investido e recebe um voto tem peso 2, quem tem eficiência I aquele voto vale por 3, quem tem eficiência II, aquele voto recebido vale 4. Todos gostam do poder e se o adestramento for um atalho, muitos vão se interessar.

BP também fundamentou muito do trabalho da tropa na Corte de Honra. Por quê ? Entendo que primeiro porque preserva o chefe, uma vez que o monitor e sub discutem com a patrulha, o stress é deles. Depois, o chefe houve as idéias, debate quando solicitado, mas sempre expõem seu ponto de vista e deixa os jovens decidir em um pequeno grupo. É muito mais fácil de lidar com poucos jovens em um ambiente calmo. Eles já fizeram o trabalho braçal de ouvir a tropa.

Havendo necessidade de mais chefes para dividir a tropa sênior durante o programa, sempre podemos ajudar. No seguinte modelo: “Preciso de uma instrução de regras de segurança para machadinha de 15 minutos para aspirantes”, ou “me aplica o jogo quebra-gelo” ou “história do escotismo” ou “instrução de bandeira” ou etc. Ele me alcança os escoteiros que vão receber a instrução e enquanto eu falo ele desenvolve outros conteúdos com os demais. Esse rodízio costuma ajudar bastante e por isso que sempre procuro falar sobre a minha agenda, para que as demais seções possam saber quando podem contar comigo.

Sobre aquele sênior que disse que fez jornada quando escoteiro, ele já deu a resposta, era uma jornada de escoteiro. Agora ele precisa fazer uma jornada de SÊNIOR. No meu ponto de vista, recebe somente orientações sobre o ponto de chegada e ele deve descobrir que trajeto seguir e ao final entregar o croqui detalhado (mapa) do trajeto que fez como uma das tarefas da jornada.

A fundação do Chama Farroupilha 183 RS

 

Junto com o GE Jacui, ao fundo o futuro Cantegril Clube

A Fundação

  A foto mostra o retorno do primeiro acampamento junto com GE Jacui, ao fundo o futuro Cantegril Clube, 1985.

          A primeira vez que escoteiros estiveram em Triunfo foi provavelmente em 1945, quando ocorreu o Acampamento de Férias dos escoteiros de Porto Alegre, segundo relatado na página 13 do Relatório da Comissão Executiva Regional, de 22 de março de 1958. Ao apresentar uma breve biografia do chefe Isaac Bauler, o Relatório destaca que em 1944 ele assumiu o cargo de Comissário Administrativo da Federação Riograndense dos Escoteiros de Terra (FRGET) e dirigiu este acampamento, não oferecendo maiores detalhes. Ao longo das décadas de 1960, 1970 e 1980 alguns jovens de Triunfo foram escoteiros em outras cidades, principalmente no Grupo Escoteiro Carajás em São Jerônimo, mas até então nunca houve um grupo na cidade.

O movimento de pessoas para a fundação de um grupo de escoteiros em Triunfo tomou força verdadeira em 1985. É deste ano a primeira ata existente, documentando a reunião de um grupo de pessoas da comunidade no salão paroquial da Igreja do Nosso Senhor Bom Jesus. Não haveria local mais apropriado, pois desde1754 aIgreja Matriz assiste o que acontece em Triunfo.

A reunião aconteceu no dia 16 de abril, a convite de Sílvio Machado Felten, carinhosamente conhecido por Sivica. Coordenados pela chefia do Grupo Escoteiro Jacuí 33 RS, de Charqueadas, foi escolhida a primeira diretoria, tendo como Diretor-Presidente o próprio Sivica; Vice-diretor, João André Castro; Diretora-Administrativa, Estela Galarça Radin; Vice Diretor-Administrativo, Darlan Rocha Lopes; Diretora-financeira, Dalva Maria de Souza Ferreira; Vice Diretor-Financeiro, Antônio Édson Oliveira.

A esta comissão, segundo a ata, coube a tarefa de “iniciar a estruturação e formação do grupo escoteiro pretendido”.

A segunda reunião ocorreu no dia 30 de abril daquele ano, no mesmo local e presidida pelo Sivica, tendo como pauta a escolha do nome e cores do grupo, da primeira chefia e as datas para os cursos de chefe, que seriam realizados em Triunfo, pela então Equipe Regional de Adestradores.

Foi escolhido por votação o nome “Chama Farroupilha” porque era o ano do sesquicentenário da Revolução Farroupilha e, diga-se de passagem, o estado inteiro do Rio Grande do Sul estava envolvido e motivado com o fato. Para as cores do grupo, também por votação, foram escolhidas o vermelho, o verde e o amarelo, por serem as cores da bandeira Riograndense. Como símbolo, foi definida uma tocha, representando a chama dos farroupilhas.

Para a chefia do grupo foram elencados os nomes de Saulo Ernani Radin, Carlos Alberto Rocha Sandri, Sérgio Carvalho, Leandro Flores, Achiles Goldani Netto, Elair Niederauer e Maria Helena Castro. Para as datas do Curso Preliminar e Curso Técnico, ficaram reservadas as datas de 19 e 20 de outubro de 1985.

Segundo registros posteriores, este curso foi ministrado pela equipe formada pelos chefes Alceu S. Machado, Iolanda Magalhães Bina, Arildo Pegoraro Rego e Olívia Nogueira, entre outros.

O Grupo Escoteiro Chama Farroupilha obteve “Autorização provisória para iniciar um grupo escoteiro”, sob a direção de Aderbal Ilha, do Grupo Escoteiro Jacuí, em 11 de dezembro de 1985, assinada pelo Comissário Distrital do 27º. Distrito Escoteiro, Jorge Luiz Wolff.

 O primeiro acampamento foi realizado antes da primeira promessa, no Cantegril Clube, sob a liderança do grupo escoteiro Jacuí, de Charqueadas. Na época, a rua de acesso ao clube não estava calçada ainda e nem o clube apresentava o pórtico de entrada, era somente uma porteira.