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Lusofonia na prática e os escoteiros lusófonos. A maior experiência de todas.

     A lusofonia compreende os países e povos que falam a língua portuguesa, a saber: Angola, Brasil, Cabo Verde, Galiza, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor, Goa, Damão e Diu. Desde o 18°. Jamboree Mundial da Holanda, em 1995, acontece um encontro cultural e fraternal destas nações, no transcorrer do acampamento. Esse encontro dura entre uma e duas horas, em algum fim de tarde, dedicadas a apresentações culturais e confraternização, com todos os contingentes, sendo chamado de Encontro Lusófono, ou o dia da Lusofonia.

     Tive algumas experiências maiores, muito além de viver este encontro fugaz, que foi vivenciar a Lusofonia na prática em dois jamborees diferentes, por todos os dias do evento e que gostaria de compartilhar.

     No 19°. Jamboree Mundial do Chile, em 1999, a tropa que eu chefiava foi completada com uma patrulha de Moçambique e seu respectivo chefe. Convivemos durante todo o acampamento, acampados juntos e fazendo todas as atividades cotidianas. O chefe moçambicano era muito jovem, tinha apenas 19 anos. Muitos jovens tinham malária e passaram dias se revezando na enfermaria do jamboree. A doença se manifestou com o stress da viagem e do acampamento. Um jovem tinha alta, outro internava. Mas todos evoluíram bem, sem complicações.

     O mais interessante era ouvir as histórias dos acampamentos de grupo que faziam em Moçambique, quando iam para a savana africana praticamente sem nenhum equipamento.

     No 21°. Jamboree Mundial, na Inglaterra, nosso tropa foi completada com o contingente uruguaio, então apenas participamos do Encontro Lusófono, sem uma vivência mais intensa da Lusofonia. Também no 22°. Jamboree Mundial, na Suécia, não acampamos com outras nações lusófonas na mesma tropa, mas um dos jovens de nosso grupo (Henrique Schubert), recebeu a Insignia da Lusofonia neste evento, quando ela foi lançada, fazendo as etapas para a sua conquista durante o Jamboree, em 2011.

     Mas a vivência mais intensa em Lusofonia que tive, veio no 24°. Jamboree Mundial, nos Estados Unidos, em 2019. Nossa tropa foi formada pelos jovens e mais um chefe do Brasil, duas patrulhas e três chefes do Timor, quatro jovens e uma chefe de Cabo Verde e dois jovens de Moçambique. A tropa era grande.

     Formamos na prática uma grande comunidade Lusófona, que até onde se sabe, foi a maior experiência lusófona em um jamboree, considerando tanto a quantidade de pessoas, o número de dias de acampamento e a quantidade de Nações envolvidas.

     Por circunstâncias do Jamboree, o contingente da Líbia foi incluído em nossa tropa, eram apenas três pessoas, dois jovens e um chefe.

     Assim, formamos a tropa mais plural do Jamboree, com 5 nações: Brasil, Timor, Cabo Verde, Moçambique e Líbia. Como eu gostava de dizer para nossa chefe de subcampo (a Faith, uma pessoa extremamente doce e atenciosa), “The Five Nations Troop”. Se um dos objetivos de um Jamboree é aproximar os povos, fizemos isso na prática, muito intensamente.

     Tivemos dias incríveis de convivência, com uma rápida integração entre todos. Mantivemos a cozinha por país, assim cada um preparava o alimento de acordo com o seu paladar, mas após pronto, compartilhávamos para conhecer a culinária dos demais. Diariamente vivíamos o dia de intercâmbio cultural, marca de todo o Jamboree.

     A UEB inclusive ofereceu uma recepção elegante, em um ambiente diferenciado, durante o jamboree, para alguns chefes especiais e convidados. Os escolhidos para participar contaram na volta para o canto de tropa que o evento foi interessante, com “distribuição de muitas homenagens e condecorações aos dignatários, especialmente aos brasileiros da UEB”, conforme os relatos que escutamos com curiosidade de nossos amigos lusófonos.

    O Timor canta muito, levaram até um violão, o que aumentou ainda mais o intercâmbio porque a música aproxima as pessoas, embora seja a nação com mais dificuldade com a língua portuguesa.

    Com a tecnologia atual, o grupo de Whatsapp da tropa permanece ativo e os jovens não perderam o contato. Frequentemente alguém posta alguma coisa e a conversa recomeça, com gente em três continentes diferentes conversando! A Lusofonia continua acontecendo mesmo após o fim do Jamboree, enriquecendo ainda mais a vivência de cada um de nós que fez parte daquela tropa.

    As tropas multinacionais, especialmente as Lusófonas, são muito ricas culturalmente e proporcionam um grande aprendizado e múltiplas vivências. Ao longo de todas estas atividades, foi muito gratificante contribuir com a Lusofonia e atuar de forma muito intensa na integração destes jovens e chefes. Afinal, a principal razão da existência de nosso Movimento são os jovens e é para eles que devemos trabalhar e mostrar lá no acampamento, no dia-a-dia da vida da tropa como a Lusofonia pode acontecer e influenciar positivamente na juventude. De cada uma dessas atividades, ficam vínculos e lições permanentes.

ESCOTISMO E TRADICIONALISMO

O mês de Setembro é marcado pelo orgulho gaúcho, pois o dia 20 de setembro marca o início da Revolução Farroupilha, no distante ano de 1835.

Há quem desconheça, mas a organização do Tradicionalismo Gaúcho, como movimento estruturado e sistematizado tem raízes profundas no Escotismo, conforme nos explica uma das maiores autoridades no assunto, Antônio Augusto Fagundes, em artigo publicado no Jornal Zero Hora, em 2010 e exposto na íntegra abaixo. Pasmem os senhores, mas a nomenclatura utilizada na Patronagem (a diretoria) de um CTG (Centro de Tradições Gaúchas) nasceu em uma tropa escoteira, através de Glaucus Saraiva, o chefe Uirapuru, e depois aplicada na fundação do 35 CTG, o primeiro CTG criado, conforme detalhadamente relatado no artigo.

A cidade de Triunfo, RS, sede do Grupo Escoteiro Chama Farroupilha 183 é a cidade natal do líder máximo da Revolução Farroupilha, General Bento Gonçalves da Silva. A casa onde ele nasceu existe até hoje, assim como a igreja onde ele foi batizado e que foi construída em 1754.

Casa onde nasceu o Gen. Bento Gonçalves

Igreja Matriz de Triunfo, em louvor a Nosso Senhor Bom Jesus do Triunfo e Nossa Senhora do Rosário

Devido a tantos laços, a data de 20 de setembro é amplamente comemorada nesta cidade, com participação do escotismo sempre destacada. Da mesma forma, quando o grupo viaja para eventos fora do estado, também costuma divulgar a cultura gaúcha, com estes estreitos laços escoteiros.

22 Jamboree Mundial, Suécia, 2011. “Baile gaúcho, cordeona e china bonita. Não se acredita no poder desta infusão.”

22 Jamboree Mundial, Suécia, 2011

21 Jamboree Mundial, Inglaterra, 2007

Leonardo Schmidt Costa, o gaiteiro do GE Chama Farroupilha no 21 Jamboree Mundial, Inglaterra 2007

D. Yedda Roth e Ernesto Fagundes, uma das maiores expressões do Tradicionalismo, presente no desfile triunfense de 2007

20 de setembro de 2007, chefia (traje escoteiro)e diretoria (pilcha)aguardando o início do desfile

19 Jamboree Mundial, Chile, 1999. Bombacha presente.

GE Chama Farroupilha após o desfile de 20 de setembro de 1998. Ao fundo a torre da Igreja Matriz